sexta-feira, 7 de agosto de 2015

TAILÂNDIA / PA – 2001

“Que ninguém se engane: só se consegue a simplicidade através de muito trabalho”.

Lispector, Clarice


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Agora, vou contar um pouco das minhas andanças pelo estado do Pará.
E lá fui eu para o Pará, cheia de expectativas (como sempre). Mais lugares diferentes para conhecer, pessoas, particularidades da cultura, sabores. Tudo seria novidade. Uma das coisas gostosas de trabalhar como consultora, instrutora, facilitadora ou qualquer que seja a denominação daqueles que trabalham com o desenvolvimento de pessoas é não ter que lidar com a rotina. É muito, muito gratificante. É uma emoção!

Cheguei à noite em Belém, portanto só conheci o aeroporto, o trajeto até o hotel e, claro, o hotel. Ás vezes é assim: não há tempo para conhecer nada da cidade. Por isto, quando posso, ou chego antes ou volto um, dois dias depois. É preciso aproveitar as oportunidades, pois nunca temos a certeza de um retorno.

O treinamento, cujo tema era Solução de problemas e tomada de decisões, seria na cidade de Tailândia. Lembro-me, que após o meu retorno, contava para alguns amigos que eu estava muito importante, pois tinha ido ministrar treinamento em Tailândia. Todos se espantavam, ficavam admirados e eu dava boas risadas. Depois contava que Tailândia é uma pequena cidade de Belém. Quem sabe disso? Poucos.

Como dizia, Tailândia é uma cidade bem pequena e mais tarde vim a saber que o extrativismo de madeira lá é uma das principais fontes de renda dos habitantes (que pena). Alguns participantes do curso disseram que sabem que a extração de madeira é ilegal, mas não tinham outra fonte de renda. Como não estava ali para discutir questões tão complexas, não expressava a minha discordância, o quanto lamentava saber que a natureza estava sendo destruída.
O Pará é (ou era?) um dos estados onde a extração de madeira ilegal é grande. Quando sobrevoamos foi possível ver vários focos de queimadas, muita fumaça. É lastimável a devastação de uma natureza tão exuberante, tão bonita.

O módulo em Tailândia foi legal, apesar do calor intenso. Não me lembro de sentir tamanho calor, a não ser quando morei no Congo (África). A sala de treinamento era minúscula. Quando não estava usando o flip chart, tinha que fechar para não ocupar o pouco espaço que tinha. Um ventilador de pé, pequeno, não dava conta do recado. Não amenizava praticamente em nada o calor.

As pessoas eram muito animadas, bem-humoradas, acolhedoras. Tinha a Raimunda – uma figura e tanto – dona de cartório. A filha também estava na turma. Grande pessoa. Tinha a Eliane: uma pessoa meiga, que passa tranquilidade. Não dá para falar de todos, mas algumas pessoas, por uma razão ou outra marcam mais.
Para chegar a Tailândia fizemos duas travessias de balsa. Bonita travessia. Rio muito largo, cheio de ilhas.

Após o curso fomos para uma churrascaria e tomamos cerveja, conversamos, comi peixes deliciosos,  conheci mais um pouco das pessoas. Que delícia!  No outro dia, saímos para Belém às 4h15 da manhã. A empresa contratante disponibiliza motorista para levar seus facilitadores até as cidades. Após, mais ou menos 20 minutos de viagem, me dei conta de que tinha esquecido meu celular no hotel. Barbaridade! Tivemos que retornar. Fiquei chateada, pois vi que o motorista não gostou muito. Eu também não iria gostar. Já tínhamos rodado um bom trecho. Eu sempre esqueço alguma coisa por onde passo, mas o celular não tinha como deixar.

Detalhe: no local onde pegamos a balsa para a travessia, tem várias barracas vendendo tapioca, de variados sabores. Claro que comi uma.

Desta vez conheci um pouco mais de Belém. Faço questão de experimentar os pratos típicos dos locais onde vou. Experimentei o tacacá.
É feito de tucupi, mistura uma goma branca (que parece cola), coloca folha de inhambu e uns 4 camarões. As folhas dão sensação de dormência na boca e na língua.  Servido quente. Confesso que apreciei muito o camarão, mas o resto...
Tacacá lá é como caldo de feijão com torresmo para os mineiros, caldo de sururu para os baianos, pastel de feira para os paulistanos, tem em todo canto.

Depois de descansar, saí pra conhecer o entorno do hotel: visitei uma pequena feira ao ar livre e comprei farinha (tem vários tipos; é diferente), molho de pimenta no tucupi. Depois camarão de água doce, salgado; castanha do pará e paçoca de castanha. Peguei manga, que caiu das mangueiras carregadas, que tem ao longo das ruas, avenidas. É muito pé de manga. Cai aqui, cai ali, em cima dos carros e a gente vai aproveitando, pega uma aqui, outra ali. Por que a vida é isso: momentos livres, simples, saborosos. E tem gente que tem vergonha de fazer isso. Perdem eles.
Conheci o parque da Residência (onde moravam os governadores). Muito bonito, bem cuidado. Conheci o parque Botânico que me encantou. Vi passáros lindos, lindos (garças, periquitos, araras e até dois gaviões enormes). A vegetação originária da Amazônia é fantástica e muito diversificada. Árvores enormes, maravilhosas. Gostei demais. A natureza me encanta.
Belém tem muita coisa bonita para se ver e muita coisa boa para se fazer. Para comer então, nem se fala.  

Belém tem muita coisa bonita para se ver e muita coisa boa para se fazer.  O Pará é um estado muito rico em recursos naturais. É considerado o maior produtor de frutas consideradas exóticas.  Incrível a variedade de cores, cheiros, sabores. Açaí – a mais conhecida -, cupuaçu, bacuri, taperebá, uxi, castanha do pará,  entre  outras.

Curiosidade: uma castanheira leva 40 anos para produzir o fruto, que tem o formato de um ouriço e dentro cabem 18 castanhas, também protegidas por uma casca muito dura. Depois que é aberta, as castanhas não cabem mais dentro da casca.
Não deu para conhecer o mercado Ver-o-Peso, pois estava em reforma. Que pena! Gostaria de conhecer um pouco mais. Valeu.       

Voltei para casa com uma enxaqueca daquelas. Acho que por causa do calor. Mas, sem drama. Foi ótimo. Fiquei em Belém por mais alguns dias, pois tinha mais cidades para ir trabalhar.

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