segunda-feira, 17 de agosto de 2015

REDENÇÃO – PA


"Com muita sabedoria, estudando muito, pensando muito, procurando compreender tudo e todos, um homem consegue, depois de mais ou menos quarenta anos de vida aprender a ficar calado."

Fernandes, Millôr





De manhã, bem cedo, fomos para Redenção. Cidade com muito, muito comércio. 

"O nome Redenção não tem nada haver com homenagem ao Marechal Cândido Rondon.
É referida ao bairro Redenção de Goiânia, que na época era uma invasão. A cidade de Redenção não surgiu por acaso, foi planejada por três amigos, em uma conversa regrada de cachaça em volta de um lampião e deitados em redes, em um barracão na beira da pista de pouso, que hoje é a avenida Brasil. 
Onde hoje é o cemitério Municipal, era uma vila de colonos, que foram chacinados pelos índios, e então os sobreviventes voltaram e la enterraram seus familiares."


A turma era boa. Uma participante iniciou muito agressiva. Ás vezes isso acontece: o participante não está no seu melhor dia ou preferia não estar ali. E o pior: culpa o facilitador do grupo, agindo de forma agressiva, mostrando desinteresse em participar das atividades ou até mesmo busca outra coisa para fazer, como folhear uma revista. No mundo atual o terror dos facilitadores de grupos é a tecnologia: computadores, celulares. Quem não tem um ou outro? E quem não leva para a sala de aula, pelo menos o celular? Quem resiste a dar uma “olhadinha” nas mensagens e se se segurar para não responder imediatamente? Poucos, muito poucos. Claro fazemos o contrato de convivência no início do treinamento, do curso, e todos concordam em deixar o celular no silencioso, computadores desligados. Mas nem todos seguem os acordos. E como agir com aqueles que quebram um outro acordo? O que você faria?
Eu sei o que faço: todos são adultos e sabem o que devem e o que não devem fazer para aproveitar o curso e não atrapalhar os colegas e o facilitador. Caso a pessoa, com sua conduta, não atrapalhe, problema dela. Tento trazê-la para as discussões, fazendo perguntas eventuais, fazendo de tudo um pouco para atrair e manter sua atenção. Na maioria das vezes, obtenho sucesso. Em outras, percebo que a pessoa realmente está ali porque não podia recusar a indicação do chefe. Neste caso não há muito o que fazer.
Mas e se a pessoa incomoda, por exemplo, saindo várias vezes da sala para atender o telefone ou fazer ligações? Situação difícil, principalmente dependendo das características do participante. Mas cabe ao facilitador controlar o grupo, garantir que comportamentos inadequados não atrapalhem a si próprio e aos outros. Cada facilitador tem seu jeito próprio de lidar com as diversas situações que podem surgir. É importante é controlar a situação, neutralizar os comportamentos inadequados e garantir o bom andamento do trabalho.

Pois bem, a participante agressiva, mal-humorada, não gostou logo de cara, de uma das primeiras dinâmicas: a das garrafas. Disse que era ridícula. Para esta dinâmica são utilizadas 3 garrafas, 3 facas e um copo com água. O desafio é fazer um suporte com este material que sustente o copo com água. Eu sempre gostei de aplicá-la, quando o tema é solução de problemas. Permite um belo processamento. Estimula a criatividade, busca de alternativas, trabalho em equipe, etc. Adoro. Mas ela detestou. Ás vezes, as pessoas regem de forma hostil quando percebem que não sabem resolver o desafio como se tivessem que saber de tudo o tempo todo. Ficam frustrados, irritados e procuram desmerecer a pessoa que os colocou nesta situação ou os recursos oferecidos.  Vaidade!
Durante o desenvolvimento da atividade, o grupo fez com que ela percebesse que seu comportamento não estava muito adequado. Aos poucos ela foi relaxando, se envolveu, participou e contribui para a solução do desafio. O processamento foi muito rico e proporcionou muitas reflexões, aprendizados.
Foi muito bom trabalhar com eles. Eu gosto. Sempre.

Um fato interessante que ocorreu: como o treinamento começou às 14h, tínhamos que parar por volta das 19h para o jantar, que seria servido na sala ao lado. De repente escutamos um grande barulho de coisas caindo, quebrando. Não deu outra: a mesa com os pratos que seriam servidos foi ao chão. Ainda bem que o incidente não impossibilitou que o jantar acontecesse. Estava com uma fome!


Mais uma vez tudo correu bem. Voltei para o hotel cansada e com a sensação de missão cumprida. Restava descansar para o próximo destino do dia seguinte: Marabá.

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