sábado, 1 de agosto de 2015





MONTEIRO LOBATO/SP - 2012 http://monteirolobato.sp.gov.br/site/

"Reconhecemos um homem inteligente por suas respostas e um sábio por suas perguntas."

Naguib Mahfouz - escritor egípcio




http://www.guiacuca.com.br/sites/default/files/eventos-fotos-do-evento/centro-de-monteiro-lobato.jpg

Monteiro Lobato é uma cidade pequena e agradável e lembra Cordisburgo, pelo tamanho, pelo aconchego, pela simplicidade das pessoas. Acreditava que tinha esse nome porque lá tinha nascido o escritor Monteiro Lobato. E esse fato já me deixou mais animada, pois li a coleção do Sítio do Pica-pau amarelo; coleção que comprei ainda bem jovem, no clube do livro. Será que ainda existe esse clube? Guardei com carinho, com muito zelo, para ler, quem sabe, para futuros filhos. Os filhos chegaram, não li, e nem eles. Era mais fácil conhecer a história pela TV. Que pena. Doei, não me lembro mais para quem.

A verdade é que “o nome é uma homenagem ao eminente escritor José Bento Monteiro Lobato que na fazenda do Buquira iniciou sua brilhante carreira literária escrevendo os admiráveis contos de Urupês. Mais tarde a fazenda do Buquira passou a se chamar Fazenda do Visconde e, depois, Sítio do Pica-pau Amarelo, que até hoje atrai grande número de turistas”. Monteiro Lobto nasceu em Taubaté- SP.

Fui participar do curso Liderar (6 dias – que seria desenvolvido em duas semanas: 3 dias na primeira e 3 dias na segunda. Eu não ia ministrar, participaria como ouvinte, para ser capacitada e, então, mais tarde, atuar como facilitadora. É diferente participar de um programa como ouvinte. Um exercício e tanto ficar só ouvindo, pois tem hora que dá muita vontade de falar. Difícil!

Conheci Marta (facilitadora do programa), na sexta de manhã. Bonita, simpática, simples, foi fácil o entrosamento. Ela é de Franc - SP. Grande pessoa: no tamanho e no coração. 
A pensão onde ficamos era simples, mas confortável e acolhedora no tratamento dado por Da. Iracema - a proprietária. Cuidava da gente como se fosse uma mãe, o que nos fez sentir em casa, acolhidas. Da. Iracema era afetuosa, tinha uma prosa boa. A casa dela era linda. Não era luxuosa, mas pomposa com seus móveis antigos, de gosto apurado. Acredito que ainda é. Nossas refeições aconteciam na mesa da cozinha. Dava vontade de prolongar esses momentos. Ela mesma fazia o requeijão, a pasta de berinjela (delícia demais!). Que saudades! 

A turma  do curso Liderar era composta de pessoas simples e algumas bem interessantes. Muito interessantes. Curiosas. Estranhas.
Tinha a turma “zen”: Soraya (parecia uma bruxinha boa); Medina, Carlinhos e Gracias, que é um pouco zen também.
Soraya trabalha com cursos, massagens, terapias alternativas. Convidou-nos para participar de uma sauna indígena, mas não foi possível ir.

No sábado, segundo dia de treinamento, aconteceu algo que mexeu muito comigo. Como estava muito à toa, perguntei para Marta se podia organizar um trabalho feito pelo grupo: uma mandala, que foi utilizada para fazer o levantamento de expectativas dos participantes. Construída com um círculo no centro de uma folha de flip chart e tarjetas de papel colorido recortadas em forma de triângulo. Cada participante recebia uma tarjeta, registrava sua expectativa nela, lia e afixava em volta do círculo. A ideia seria ao término, ter o formato de uma flor.
Como os participantes colocaram as tarjetas de forma desordenada, aleatória, achei mehor dispor as tarjetas ao redor do círculo, para ficar bonito, certo, como uma flor mesmo. Fiz com carinho e cuidado, achando que o grupo iria gostar, achar legal. 

Pois é, mas não foi assim. Que idiotice, que ignorância! Estava tudo certo, e eu só fiz atrapalhar. Pelo menos uma pessoa não gostou e falou com Marta. Fiquei muito chateada, deu vontade de chorar. Quantas vezes fazemos coisas para as pessoas para atender nossas necessidades, com a “desculpa” de que é para agradar o outro? Percebi que desrespeitei o grupo ao interferir no resultado do trabalho deles.  Como também ficou claro que não estava sendo aceita, até pelo fato de ficar só observando. Eu não fazia parte do grupo e atrevidamente mudei algo que construíram. Era o “retrato” do momento deles, ainda desalinhados, desconhecidos, cada um com suas dúvidas, temores, sem saber exatamente o que podiam esperar de si próprios e de cada um que fazia parte daquele grupo; todos na defensiva, ainda.
Aprendemos com a dor. Naquela ocasião, ainda não tinha todo o conhecimento necessário para compreender a dinâmica de um grupo e os comportamentos, emoções que se tornam latentes a cada fase. Ainda tinha muito o que aprender (e tenho ainda). Foi uma grande lição e a motivação para buscar mais conhecimentos.

Ninguém, ou quase ninguém, gosta de compartilhar seus erros. Pensar que erros são grandes fontes de aprendizados! Aprenderíamos bem mais se essa coragem não faltasse.
Ainda pretendo compartilhar erros cometidos e as lições aprendidas. Quem sabe criar um grupo, um espaço, para esse fim, para os corajosos ensinar e aprender mais. Quem sabe. Farei. Consultores, instrutores, executivos, médicos, dentistas, advogados, como qualquer outro profissional erram sim, cometem enganos, esquecem, confundem. Por falta de conhecimento, excesso de autoconfiança, de comprometimento, razões várias. Não quero dizer que devam sair contando aos quatro cantos, para toda e qualquer pessoa. Mas, no mínimo ter a humildade de reconhecê-los, para que aprendam e não mais o repitam.
Conheço consultores que entram em sala com pouco preparo e comprometimento: conhecem pouco do assunto e não se preocupam com aquelas pessoas que estão ali, pagando, dando o seu tempo para aprender mais. Que falta de profissionalismo! Enfim, fracassos fazem parte de toda trajetória de sucesso. Em San Francisco, no Vale do Silício, ocorre anualmente a feria de fracassos – FailCon. Pequenos empreendedores, grandes empresários e “gurus” da economia norte-americana se reúnem para tratar exclusivamente de grandes insucessos e suas lições. A Failcon foi trazida pro Brasil e está na na 3ª. Edição, em Porto Alegre; o evento acontece em 20 cidades do mundo. De acordo com os organizadores, aqui no Brasil, foi muito difícil, pois muitos não captavam a ideia e se sentiam desconfortáveis e tratar abertamente dos próprios fracassos ainda é um tabu entre empresários, executivos e empreendedores.  Entretanto, a persistência e jogo de cintura, fez com que os criadores da FailCon Brasil promovessem palestras memoráveis e a participação vem aumentando a cada edição. Afinal, errar faz parte da condição humana. (Revista HSM MANAGEMENT, número 108 – ERREI NÃO ESPALHA, pg. 86)

Acho que toquei nesse assunto, porque cometi uma falha com esse grupo.

No final da tarde, um dos participantes se aproximou e perguntou o que eu estava fazendo ali. Me dei conta que a comunicação sobre o meu papel naquele grupo, não foi clara e por isto as pessoas estavam incomodadas. Quem eu era? O que fazia ali, sentada em um canto, escrevendo, escrevendo, sem nada falar?  Estavam sendo avaliados? Quanta coisa deve ter passado pela cabeça deles.... No domingo de manhã pedi um tempo e esclareci a razão da minha presença. Parece que todos ficamos aliviados e percebi uma maior aceitação do grupo. As pessoas não gostam de ser observadas, temendo serem avaliadas, julgadas. Quem gosta?

O resto do dia foi mais tranquilo, comecei a participar um pouco, dando opiniões, tomando o cuidado de não me expor muito e nem tão pouco invadir o espaço de Marta. Voltamos para SP com Eduardo, um dos participantes que é muito legal e a prosa durante a viagem foi uma delícia.

Bom, a segunda etapa fica para o nosso próximo encontro.

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