MONTEIRO LOBATO/SP - 2012 http://monteirolobato.sp.gov.br/site/
"Reconhecemos um homem inteligente por suas respostas e um sábio por suas perguntas."
Naguib Mahfouz - escritor egípcio
http://www.guiacuca.com.br/sites/default/files/eventos-fotos-do-evento/centro-de-monteiro-lobato.jpg |
Monteiro
Lobato é uma cidade pequena e agradável e lembra Cordisburgo, pelo tamanho,
pelo aconchego, pela simplicidade das pessoas. Acreditava
que tinha esse nome porque lá tinha nascido o escritor Monteiro Lobato. E esse
fato já me deixou mais animada, pois li a coleção do Sítio do Pica-pau amarelo;
coleção que comprei ainda bem jovem, no clube do livro. Será que ainda existe
esse clube? Guardei com carinho, com muito zelo, para ler, quem sabe, para
futuros filhos. Os filhos chegaram, não li, e nem eles. Era mais fácil conhecer
a história pela TV. Que pena. Doei, não me lembro mais para quem.
A
verdade é que “o nome é uma homenagem ao eminente escritor José Bento Monteiro
Lobato que na fazenda do Buquira iniciou sua brilhante carreira literária
escrevendo os admiráveis contos de Urupês. Mais tarde a fazenda do Buquira
passou a se chamar Fazenda do Visconde e, depois, Sítio do Pica-pau Amarelo,
que até hoje atrai grande número de turistas”. Monteiro Lobto nasceu em
Taubaté- SP.
Fui participar do curso
Liderar (6 dias – que seria desenvolvido em duas semanas: 3 dias na primeira e
3 dias na segunda. Eu não ia ministrar, participaria como ouvinte, para ser
capacitada e, então, mais tarde, atuar como facilitadora. É diferente participar de um
programa como ouvinte. Um exercício e tanto ficar só ouvindo, pois tem hora que
dá muita vontade de falar. Difícil!
Conheci
Marta (facilitadora do programa), na sexta de manhã. Bonita, simpática,
simples, foi fácil o entrosamento. Ela é de Franc - SP. Grande pessoa: no tamanho e no coração.
A
pensão onde ficamos era simples, mas confortável e acolhedora no tratamento
dado por Da. Iracema - a proprietária. Cuidava da gente como se fosse uma mãe,
o que nos fez sentir em casa, acolhidas. Da. Iracema era afetuosa, tinha uma prosa boa. A casa dela
era linda. Não era luxuosa, mas pomposa com seus móveis antigos, de gosto
apurado. Acredito que ainda é. Nossas refeições aconteciam na mesa da cozinha. Dava vontade de prolongar esses momentos. Ela mesma fazia o requeijão, a pasta de berinjela (delícia demais!). Que saudades!
A
turma do curso Liderar era composta de pessoas simples e algumas bem interessantes. Muito
interessantes. Curiosas. Estranhas.
Tinha
a turma “zen”: Soraya (parecia uma bruxinha boa); Medina, Carlinhos e Gracias,
que é um pouco zen também.
Soraya
trabalha com cursos, massagens, terapias alternativas. Convidou-nos para
participar de uma sauna indígena, mas não foi possível ir.
No
sábado, segundo dia de treinamento, aconteceu algo que mexeu muito comigo. Como estava muito à toa,
perguntei para Marta se podia organizar um trabalho feito pelo grupo: uma
mandala, que foi utilizada para fazer o levantamento de expectativas dos
participantes. Construída com um círculo no centro de uma folha de flip chart e
tarjetas de papel colorido recortadas em forma de triângulo. Cada participante
recebia uma tarjeta, registrava sua expectativa nela, lia e afixava em volta do
círculo. A ideia seria ao término, ter o formato de uma flor.
Como
os participantes colocaram as tarjetas de forma desordenada, aleatória, achei mehor dispor as tarjetas ao
redor do círculo, para ficar bonito, certo, como uma flor mesmo. Fiz com
carinho e cuidado, achando que o grupo iria gostar, achar legal.
Pois
é, mas não foi assim. Que idiotice, que ignorância! Estava tudo certo, e eu só fiz atrapalhar. Pelo menos uma pessoa não gostou e falou com Marta.
Fiquei muito chateada, deu vontade de chorar. Quantas vezes fazemos coisas para
as pessoas para atender nossas necessidades, com a “desculpa” de que é para
agradar o outro? Percebi que desrespeitei o grupo ao interferir no resultado do
trabalho deles. Como também ficou claro
que não estava sendo aceita, até pelo fato de ficar só observando. Eu não fazia
parte do grupo e atrevidamente mudei algo que construíram. Era o “retrato” do
momento deles, ainda desalinhados, desconhecidos, cada um com suas dúvidas,
temores, sem saber exatamente o que podiam esperar de si próprios e de cada um
que fazia parte daquele grupo; todos na defensiva, ainda.
Aprendemos
com a dor. Naquela ocasião, ainda não tinha todo o conhecimento necessário para
compreender a dinâmica de um grupo e os comportamentos, emoções que se tornam
latentes a cada fase. Ainda tinha muito o que aprender (e tenho ainda). Foi uma
grande lição e a motivação para buscar mais conhecimentos.
Ninguém,
ou quase ninguém, gosta de compartilhar seus erros. Pensar que erros são
grandes fontes de aprendizados! Aprenderíamos bem mais se essa coragem não faltasse.
Ainda
pretendo compartilhar erros cometidos e as lições aprendidas. Quem sabe criar
um grupo, um espaço, para esse fim, para os corajosos ensinar e aprender mais.
Quem sabe. Farei. Consultores, instrutores, executivos, médicos, dentistas,
advogados, como qualquer outro profissional erram sim, cometem enganos, esquecem,
confundem. Por falta de conhecimento, excesso de autoconfiança, de comprometimento,
razões várias. Não quero dizer que devam sair contando aos quatro cantos, para
toda e qualquer pessoa. Mas, no mínimo ter a humildade de reconhecê-los, para
que aprendam e não mais o repitam.
Conheço
consultores que entram em sala com pouco preparo e comprometimento: conhecem
pouco do assunto e não se preocupam com aquelas pessoas que estão ali, pagando,
dando o seu tempo para aprender mais. Que falta de profissionalismo! Enfim,
fracassos fazem parte de toda trajetória de sucesso. Em San Francisco, no Vale
do Silício, ocorre anualmente a feria de fracassos – FailCon. Pequenos
empreendedores, grandes empresários e “gurus” da economia norte-americana se
reúnem para tratar exclusivamente de grandes insucessos e suas lições. A
Failcon foi trazida pro Brasil e está na na 3ª. Edição, em Porto Alegre; o
evento acontece em 20 cidades do mundo. De acordo com os organizadores, aqui no
Brasil, foi muito difícil, pois muitos não captavam a ideia e se sentiam
desconfortáveis e tratar abertamente dos próprios fracassos ainda é um tabu
entre empresários, executivos e empreendedores. Entretanto, a persistência e jogo de cintura,
fez com que os criadores da FailCon Brasil promovessem palestras memoráveis e a
participação vem aumentando a cada edição. Afinal, errar faz parte da condição humana. (Revista
HSM MANAGEMENT, número 108 – ERREI NÃO ESPALHA, pg. 86)
Acho
que toquei nesse assunto, porque cometi uma falha com esse grupo.
No
final da tarde, um dos participantes se aproximou e perguntou o que eu estava
fazendo ali. Me dei conta que a comunicação sobre o meu papel naquele grupo,
não foi clara e por isto as pessoas estavam incomodadas. Quem eu era? O que
fazia ali, sentada em um canto, escrevendo, escrevendo, sem nada falar? Estavam sendo avaliados? Quanta coisa deve ter
passado pela cabeça deles.... No domingo de manhã pedi um tempo e esclareci a
razão da minha presença. Parece que todos ficamos aliviados e percebi uma maior
aceitação do grupo. As pessoas não gostam de ser observadas, temendo
serem avaliadas, julgadas. Quem gosta?
O resto do dia foi mais tranquilo, comecei a participar um pouco, dando opiniões, tomando o cuidado de não me expor muito e nem tão pouco invadir o espaço de Marta. Voltamos
para SP com Eduardo, um dos participantes que é muito legal e a prosa durante a viagem foi uma
delícia.
Bom, a
segunda etapa fica para o nosso próximo encontro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário