sexta-feira, 28 de agosto de 2015


CARAGUATATUBA/SP – 2002 
"Um momento de paciência pode evitar um grande desastre; um momento de impaciência pode arruinar toda uma vida".
Provérbio Chinês


http://www.portal.caraguatatuba.sp.gov.br/imagens_secoes/praias.jpg

Caraguatatuba é um município brasileiro no litoral norte do estado de São Paulo. Pertence à Mesorregião do Vale do Paraíba Paulista e Microrregião de Caraguatatuba. Localizando-se a leste da capital do estado, distando desta cerca de 178 km. Wikipédia

Como sempre, resolvi ir mais cedo para Caraguatatuba. O tempo estava bom e com certeza iria aproveitar para fazer uma boa caminhada pela praia.
Na maioria das vezes, prefiro viajar de ônibus (quando são viagens curtas). Aproveito a ida para ler mais um pouco, rever o conteúdo do treinamento ou simplesmente tirar um “cochilo” ou pensar na vida. Quando retorno, uso o tempo na estrada para resgatar acontecimentos do treinamento: relembro situações, faço uma reflexão sobre o que aconteceu de bom, surpreendeu, o que precisa melhorar tanto em relação a conteúdo, quanto ao meu comportamento. Algumas vezes, o cansaço é tanto, que apenas durmo. Já aconteceu de querer dormir e a pessoa do lado teimar em conversar. Dependendo da pessoa, dispenso cortesmente, mas tem umas que não adianta, querem por querem matar o tempo conversando. E no final, quase sempre vale a pena.

Cheguei na rodoviária às 12h para embarcar às 13h. Previsão de chegada às 15h30. Tempo de sobra para fazer minha caminhada.
Enquanto aguardava deu um estalo na minha cabeça: não lembrava se tinha pego o material para uma atividade que seria desenvolvida com o grupo. Fui checar e não deu outra: tinha esquecido em casa. A atividade era o jogo do “convento” e do material constava um tabuleiro e acessórios.
Droga! Que raiva! Tive que trocar a passagem e voltar em casa para pegar o material. Fazer o quê! Com isto meus planos mudaram e perdi o tempo para minha caminhada. A praia de Caraguatatuba é uma belezinha. Aliás, falo para os meus conterrâneos mineiros que adoram as praias do Espírito Santo, que precisam conhecer as praias do estado de São Paulo. Aqui, também tem parias muito bonitas.

Cheguei em Caraguatatuba no fim da tarde. O hotel não era grande coisa. Uma das coisas que me incomodou foi a cortina com mofo. Que desleixo, que falta de cuidado. É por essas e outras que se perde clientes. Nunca mais me hospedei lá.

O hotel não era bom, mas a turma era muito, muito boa. Foi uma delícia trabalhar com eles. O dia passou rápido.

Um detalhe: alguns participantes me convidaram para ir comer um peixe, que diziam era muuuiiito bom. E era mesmo. Só que, como era preparado na hora, não deu outra: chegamos atrasados para o treinamento e fiquei muito constrangida, pois isto não pode acontecer. Lição aprendida: nada de ir almoçar em local longe ou que demore o preparo da refeição. O melhor mesmo é refeição no quilo. A comida pode não ser tão boa, mas não corro o risco de atrasos.
Sempre fui muito pontual e espero que as pessoas também o sejam. Com o passar dos anos e depois de muitas irritações por ter que esperar amigos que quase sempre se atrasavam, hoje lido melhor com a impontualidade dos outros. Pelo menos não sofro mais e nem fico muito mal-humorada. Mas, continuo fazendo questão de ser pontual. Da mesma forma que não gosto de esperar não gosto que me esperem.

Um fato curioso: quando fui me casar, deixei claro para meu marido que seria pontual como sempre. Nosso casamento seria ás 21h e me programei para entrar pontualmente na Igreja. Exatamente ás 20h55 estava na porta da igreja. Mas, não temos controle sobre os acontecimentos e imprevistos vivem acontecendo. E este foi de encomenda: o padre que celebraria os casamentos daquela noite teve problema de saúde e tiveram dificuldades para encontrar outro. Resultado: entrei na igreja às 22h30. Dá para imaginar? Fiquei dentro do carro todo este tempo e o que ajudou é que vinha uma ou outra pessoa para conversar e assegurar que o futuro marido não se aproximasse. A vida é assim. Não deveria, mas é. O maior prejuízo foi que tinha pago a filmagem e com os atrasos, o responsável pelo cerimonial da igreja se confundiu e filmou outro. Ainda bem que só soube disto após a volta da lua de mel. Fiquei triste e, muito, muito brava. Mas, passou, como esperado. 
Afinal, tirando os percalços, foi tudo ótimo e lindo. E continua sendo.

quarta-feira, 26 de agosto de 2015



O uso de filmes é um recurso didático valioso para a aprendizagem e vem sendo amplamente utilizado em treinamentos, salas de aula. Entretanto, como qualquer outro recurso, é preciso saber utilizar, ter clareza do objetivo a ser alcançado e assegurar que enriquecerá o conteúdo a ser desenvolvido. É sempre bom aprender um pouco mais sobre o uso deste recurso. Quais os principais cuidados? Qual a melhor metodologia? 


O USO DE FILMES COMO RECURSO DIDÁTICO: PRINCIPAIS CUIDADOS
  


A utilização de cenas ou de filmes inteiros (quando documentários ou de curta-metragem) como apoio pedagógico tornou-se prática comum. Seu uso para fins educacionais estimula os participantes de treinamentos com foco no desenvolvimento do potencial humano, a pensar por si próprio, praticar o que aprende, analisar conteúdos de contextos passados e refletir sobre seu próprio conteúdo atual.
Para provocar, interpretar, fazer analogias, o uso deste rico recurso pode servir para ilustrar, com exemplos práticos, aspectos conceituais que estão sendo ou serão discutidos em diversas disciplinas, aprofundar a discussão de um tema específico (conceitual, comportamental ou atitudinal) e complementar exercícios estruturados em sala. Possibilita aos participantes uma linguagem metafórica que provoca reflexão, associações e interpretações de maneira projetiva e envolvente.
É essencial que o professor, educador, facilitador, trabalhe com antecedência no filme, adapte adequadamente o conteúdo das cenas aos objetivos que pretende alcançar. Ou seja, a utilização despreparada deste recurso pode ser desastrosa, portanto recomenda-se muito cuidado para o seu uso.

PLANEJAMENTO
·          Sua projeção é bastante simples, permitindo explorar inúmeros temas e aspectos atitudinais por meio da visualização de situações, fatos ou locais. Pode ser projetado em sala de qualquer tamanho, desde que adequado a um monitor (TV) ou telão que consiga atingir a amplitude do local onde a apresentação será realizada. Deve ser de curta duração ou apresentado em partes.
CUIDADOS COM  A PREPARAÇÃO:
  • A escolha do filme e a forma como irá explorá-lo, dependerá dos objetivos que se pretende alcançar em relação ao conteúdo que será desenvolvido. Seu objetivo é discutir é identificar características do comportamento empreendedor? De um líder? Refletir sobre a importância dos sonhos na vida de cada um? O impacto das mudanças na educação? Empregablidade? Aprender mais sobre técnicas de negociação? Inovação e criatividade para identificar oportunidades, resolver problemas? Correlacionar o tema do filme com um estudo de caso? São inúmeras as possibilidades. Tenha clareza do que quer obter e escolha o filme (cenas) mais apropriado ao tema que deseja trabalhar.
·         Antes da utilização do filme ou de cenas, assista-o na íntegra,  com antecedência,  selecione as cenas que pretende utilizar e analise  se irá atingir o objetivo a ser alcançado.
  • Filmes com duração superior a 20 minutos podem ser muito cansativos e de pouco proveito;
  • Quando usar apenas trechos de filmes, procure fazer uma boa edição (se for possível editar);
  • Não é recomendável usar filmes  após almoço, pois favorece “cochilos”.
 Escolha da metodologia que será utilizada para exploração do filme.
 São inúmeras as possibilidades. Você poderá:
·         Solicitar que cada um anote suas observações;
·         Sugerir a construção de um painel com sentimento ou conclusões de cada participante (use tarjetas);
·         Abrir espaço para debate com perguntas previamente preparadas;
·         Dividir em subgrupos para discussão, que pode ser livre, ou com perguntas preparadas por você. A proposta de trabalho em pequenos grupos faz com que os participantes troquem ideias entre si, despertem uns nos outros a atenção quanto a aspectos que não foram percebidos, discutam questões propostas por você, escrevam sobre o que viram e compartilhem posteriormente com os demais colegas.
·         Independentemente da metodoligia escolhida, você poderá ser supreendido com aspectos que o grupo percebeu e que podem ter lhe escapado. A troca de diferentes percepções, a sinergia grupal,  abre novas possibilidades que o indivíduo sozinho não seria capaz de alcançar.
·         Procure criar um ambiente o mais parecido com a sala de um cinema, de tal forma que os participantes possam se sentir transportados para lá. As cadeiras devem ser dispostas uma atrás da outra (formato auditório). O formato em “U” é mais adequado para discussão do filme, no momento da projeção é importante que o foco das pessoas esteja na tela, e não nelas.

Cuidados com os equipamentos que serão utilazados é fundamental para garantir uma projeção com qualidade:
ü  DVD: cheque toda a aparelhagem antes, a fim de evitar surpresas indesejáveis;
ü  Datashow, telão e caixas de som: a atenção das pessoas precisa ficar no filme e não na falta de qualidade da imagem ou do som;
ü  Cheque o som, a forma de ligar, os controles, a qualidade da imagem.

CUIDADOS COM A APRESENTAÇÃO DAS CENAS
Este é o momento de focar a atenção dos participantes em direção ao objetivo que você pretende alcançar. Contextualizar o filme é necessário para a total compreensão da(s) cena(s) e  ajuda a gerar curiosidade, interesse, expectativa, que colaboram com o processo de aprendizagem.
É fundamental que você oriente sobre os aspectos que devem ser observados (você pode até entregar previamente uma ficha de observação com algumas questões norteadoras) e informar que serão debatidos posteriormente. Informe o tempo de duração, peça que assistam em silêncio e com muita atenção. Informe também que não assistirão ao filme na íntegra, e sim algumas cenas que contribuirão para reflexões e aprendizados.
APÓS A EXIBIÇÃO
Caso a metodologia escolhida seja o trabalho em pequenos grupos, imediatamente após o término do filme, faça a separação em subgrupos.
E se a metodologia escolhida for o debate, solicite que coloquem as cadeiras em formato “U”, para o início dos trabalhos.
Cheque com os participantes o que acharam do filme, que sentimentos provocou. Alguns tendem a já exteriorizar suas impressões racionais, técnicas, até para escapar da emoção que pode ter sido gerada com o filme. Gentilmente, ouça cada um e procure checar: “E você gostou?”. Esta pergunta permite que o participante faça contato com o que sentiu, e não apenas com o que entendeu.
Faça perguntas sobre o filme, aspectos que lhes chamaram a atenção, frases, passagens, que provocaram impacto emocional e estímulo intelectual. Identifique as perguntas previamente, de forma que elas forneçam um encadeamento lógico, mas, não engesse seu script; se a linha de raciocínio dos participantes tomar outros rumos, apenas acompanhe, busque resgatar através de novas perguntas, aspectos que tenham escapado do debate e que sejam importantes para o enfoque que você pretende dar.

Trace paralelos entre a(s) cena(s) e a vida real, fazendo com que os participantes percebam as semelhanças e/ ou diferenças entre o que ocorreu na tela e o que ocorre no dia a dia.  Faça perguntas que estimulem a reflexão crítica da experiência vivenciada, analogias com a realidade das organizações.

Você pode também permitir que os participantes exponham suas ideias e percepções livremente, mas através de perguntas direcione o foco da aprendizagem para o objetivo que quer alcançar.

NOTA: Não constitui ofensa aos direitos autorais: I - A reprodução, em um só exemplar de pequenos trechos, para uso privado do copista, desde que feita por este, sem intuito de lucro.






BIBLIOGRAFIA
CATELLI, R. E. Cinema e Educação em John Grierson. Disponível em: http://www.mnemocine.com.br/aruanda/cineducemgrierson.htm. Acesso em 07.04.2010
LUZ, Márcia.  Lições que a Vida Ensina e a Arte Encena – 3ª. Edição.  103 filmes para utilização em treinamento de equipes e desenvolvimento pessoal.  SP: Editora Alínea e Átomo, 2009.
 ___________Outras Lições que a Vida Ensina e a Arte Encena - 106 filmes para treinamento e desenvolvimento. RJ: Editora Qualytmark, 2008.

OLIVEIRA, Marco A. 15 Cenas de Filmes de Sucesso para treinamento de Chefes e Colaboradores. SP: Editora Gente, 1997.


terça-feira, 25 de agosto de 2015


RIBEIRÃO PRETO/SP – 2002

Renda-se, como eu me rendi,
Mergulhe no que você não conhece,
Como eu mergulhei,
Não se preocupe em entender,
Viver ultrapassa todo entendimento.
Lispector, Clarice
 
http://www.aasp.org.br/simposio/images/20150217-conheca-ribeirao-preto.jpg


  
Ribeirão Preto é um município brasileiro no interior do estado de São Paulo, Região Sudeste do país. Pertence à Mesorregião e Microrregião de Ribeirão Preto, localizando-se a noroeste da capital do estado, distando desta cerca de 315 km. Wikipédia

Turma com bom nível. Todos funcionários de uma instituição pública. Não foi muito fácil trabalhar com eles. Não pelo fato de terem bom nível, mas porque estavam lá por obrigação, porque não podiam recusar ir, e alguns estavam bem irritados.  Dois participantes, em especial, eram muito chatos.  O curta-metragem, “Quando erámos pássaros” (https://www.youtube.com/watch?v=baiT0kCG1XI), não foi bem a aceito. Trata-se de um conto cigano que narra a história de pássaros que durante uma migração veem uma gaiola dourada. O bando ficou tentado a descer e seu líder não conseguiu impedir. Quando descem são seduzidos pelos que ali estavam, com roupas, joias, farta comida, bebida, fêmeas lindas, sedutoras, e decidem ali ficar. Tempos depois ao verem outros bandos voando e prosseguindo seu caminho, sentem saudades da liberdade perdida e a despeito das ofertas sedutoras, decidem abandonar todos os privilégios e abandonam a gaiola dourada. Entretanto, quando tentam alçar voo caem a cada tentativa e a partir daí só conseguem prosseguir caminhando.

Como o tema do treinamento era sobre o processo de tomar decisões, o curta era utilizado para iniciar uma discussão e reflexão sobre os diversos fatores que influenciam nossos processos decisórios: razão, emoção, valores, ética, preconceitos, paradigmas, etc.

Os participantes não gostaram e fizeram duras críticas. Tiveram dificuldades para interpretar e fazer analogias com o tema do treinamento. A cópia do curta-metragem, fornecida pela empresa contratante, não estava boa (o que dificultou) e o tempo de 16 minutos era maior do que o recomendado para filmes em treinamento.  Tudo isso contribuiu, mas hoje, creio que me faltou mais experiência para conduzir a discussão. A gente vai aprendendo, inclusive a reconhecer que contribuímos para que o objetivo não fosse alcançado.

Decididamente não usarei mais este filme para reflexão. Não foi a primeira vez que os participantes não gostaram e sua utilização como recurso para o aprendizado foi prejudicada.
Anteriormente, era usada uma cena do filme, “A escolha de Sofia”. Prisioneira em um campo de concentração, durante a Segunda Guerra é forçada por um soldado nazista a escolher um de seus dois filhos para ser morto. Se ela se recusasse a escolher, ambos seriam mortos.

O que acontecia? Grande parte dos participantes caiam no choro. E eu só não chorava junto porque não podia. A cena é muito forte. Usei poucas vezes. Existem mil outras cenas de filmes que versam sobre o tema e que não mobilizam uma carga emocional tão alta. Não é preciso chorar para aprender. Nem sempre e preciso aprender pela dor.

De volta ao treinamento.

Quando cheguei ao local do treinamento ainda se encontrava fechado. O responsável por abrir chegou atrasado e ainda por cima não encontrava a chave. A porta teve que ser arrombada. No final esta situação serviu para exemplificar como lidar com problemas, identificar alternativas, tomar decisões. Tudo a ver com o tema do módulo.
Para finalizar este treinamento tinha a seguinte atividade; todos em círculo, acomodados no chão, luz apagada, uma vela acesa, que passaria de mão em mão e eu era a última a receber para o fechamento e assim encerrar o encontro. Ao receber a vela cada um deveria compartilhar, o que faria se soubesse que teria apenas 5 minutos de vida.
Era um momento muito emocionante e algumas pessoas choravam, pois tinham contato com o que estavam deixando de fazer, dizer, para si e para as pessoas que amavam.  
Mas, dependendo do grupo, do tempo (que faltava), às vezes não fazia.

Com este grupo resolvi que não ia fazer o ritual da vela, mas no final, por um insight resolvi fazer. E foi muito bonito, comovente.  Um dos participantes, cantou a Ave Maria e foi muito, muito lindo e emocionante. Uma voz linda, todos em silêncio, vivendo intensamente aquele momento de magia. Foi assim mesmo. 
Puxa vida, as pessoas sempre nos surpreendem. E cada grupo, independentemente das pessoas difíceis, situações complicadas, proporcionam grandes aprendizados, grandes lições de vida. É sempre uma oportunidade para todos e principalmente para nós, condutores, facilitadores de grupo, aprender mais sobre pessoas e sobre nós mesmos.



quinta-feira, 20 de agosto de 2015



BRAGANÇA – PA


“Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é possível fazer sentido. Eu não: quero é uma verdade inventada. ”
Lispector, clarice

http://antonyo.no.comunidades.net/galeria/52_p_40.jpg

http://www.diarioonline.com.br/app/painel/modulo-noticia/img/imagensdb/original/destaque-292666-eunicepinto.jpg


Saí cedo de Belém para Bragança com o motorista da empresa. Muito legal ele. Passamos em Capanema, pegamos Socorro (representante da empresa contratante) e seguimos viagem. Meu último treinamento nesta etapa em Belém.

A cidade de Bragança é o maior polo pesqueiro do Estado do Pará, exportando sua produção principalmente para as capitais do Nordeste e do estado do Pará. Há grande atividade pecuária, agricultura e extrativismo de caranguejos.

Destaque: Ilha do Canela: santuário ecológico que possui o maior ninhal de guarás do mundo. A Ilha do Canela é uma opção mais alternativa, que está sendo descoberta pelos apreciadores de paisagens paradisíacas devido à grande quantidade de aves registrada na ilha. Habitada apenas por pescadores da própria região, a Ilha do Canela ainda não dispõe de infraestrutura turística. Entretanto, nem por essa característica tem deixado de atrair visitantes, em especial, fotógrafos, cinegrafistas, pesquisadores e adeptos do turismo de aventura, sobretudo, por ser um dos maiores ninhais de guarás (Eudocimus ruber) do mundo. O acesso à Ilha pode ser realizado em viagem de barco, com duração de aproximadamente duas horas e meia, a partir do Porto do Castelo ou do Taperaçu-Porto.

A turma tinha poucos participantes, pequena, mas foi fácil trabalhar com eles. Digo isto, porque se temos um número grande de participantes (em torno de 30), pode comprometer a produtividade, pois dependendo do perfil dos participantes, fica um pouco mais difícil controlar os mais falantes e o tempo para o desenvolvimento das atividades fica mais corrido, bem como do processamento. Por outro lado, se trabalhamos com menos de 12 participantes, isto também pode comprometer. Algumas vezes, temos que mudar a atividade, daí a importância de o facilitador ter sempre essa flexibilidade e um vasto e solidificado conhecimento de dinâmicas, jogos e vivências. A famosa carta (s) na manga.
Neste grupo também tinha dois rapazes bem jovens, que aproveitavam todas as oportunidades para conversar comigo. Acho eu eles me viam como tia, professora, mãe, sei lá! Ou, quem, sabe, apenas como uma pessoa com quem podiam trocar informações, falar de si sem medo de julgamentos. É, muitas vezes, alguns acham que estamos ali como psicólogos e não como facilitadores.
Mais tarde, fiquei sabendo que um deles tinha muitos problemas. Filho de pais separados. O pai matou o namorado da amante na frente dele e do filho do assassinado. Cada situação, cada história!

Depois do treinamento, eu, Socorro e o motorista, fomos jantar. A cidade é uma graça. Foi muito agradável. Cheguei no hotel às 2h20 da manhã. Não dormi, com medo de não acordar.  Verdade: não confiei no despertador. Tinha que estar no aeroporto, às 5h da manhã.  A ansiedade, a vontade de chegar em casa, estar com meus amores era enorme. Preferi não correr o risco de perder o voo.
Voltar para casa. Que bom! Que BOM!


Levo do Pará muitas lembranças boas, gostosas, momentos lindos, gratidão pelo carinho recebido. Espero voltar a passeio com marido e filhos.

terça-feira, 18 de agosto de 2015


MARABÁ – PA

 "Qualquer trabalho seria terrivelmente aborrecido se não jogássemos o jogo apaixonadamente."
Beauvoir, Simone de 

http://www.mppa.mp.br/upload/noticia/destaque_maraba.jpg

           
A ida para Marabá foi em um monomotor que desceu em duas cidades (Xinguara e Ourilândia). A cada descida e subida era um medo vencido. Que aviãozinho pequeno!
Pude ver, de dentro do avião, a  Usina Hidrelétrica de Tucuruí  que é uma central hidroelétrica no Rio Tocantins, no município de Tucuruí (a cerca de 300 km ao sul de Belém). Muito bonito. Lindo mesmo.

O Pará tem muitos rios.
O rio Guamá corta a cidade de Belém e faz parte da vida de sua população. Banha dezenas de pequenas ilhas, habitadas por nativos que mantêm várias olarias. Em Belém o nível das águas da orla chega a alcançar 3,80 m e 0,0 m, em março e setembro, durante as luas cheia e nova. 

A capital do Estado do Pará está situada em um dos braços do rio Amazonas. É banhada pelo rio Guamá ao sul e pela Baía do Guajará a oeste, a 160 quilômetros ao sul do Equador. 

O Amazonas é o maior rio do mundo em volume de água, com extensão total de 5.298 Km. Corta o Estado do Pará no sentido oeste-leste, e em sua foz está o maior arquipélago flúvio-marítimo do mundo, o Marajó, onde, ao norte ocorre o fenômeno da "pororoca", invasão de águas do oceano Atlântico no rio, formando grandes ondas destrutivas. 
Suas águas são barrentas e frias, alcançando a profundidade de 100metros. Sendo um rio de planície, é navegável em toda a sua extensão. 

É na Baía do Guajará onde Belém é mais bonita. A oeste da cidade, é a rigor um subestuário e recebe águas dos rios Guamá, Acará e Moju. Tem comunicação direta com a baía do Marajó e, pela proximidade ao oceano Atlântico, está sujeita a influências das marés oceânicas. Suas águas são barrentas, fortemente amareladas e salobras. 
Na Baía do Guajará há magníficas ilhas como as das Onças, Arapiranga e Periquitos, entre outras. É também onde se concentram os principais pontos turísticos de Belém, entre os quais o Ver-o-Peso, Complexo Feliz Lusitânia e Estação das Docas.

O treinamento foi tranquilo, participantes comprometidos, demonstraram grande vontade de aprender.

Cheguei em Belém no fim da tarde. No jantar, com i um peixe interessante e gostoso: corvina, que tem uma pedra branca no interior da cabeça. Eu trouxe duas comigo, de lembrança.
Próximo destino: Bragança.





segunda-feira, 17 de agosto de 2015

REDENÇÃO – PA


"Com muita sabedoria, estudando muito, pensando muito, procurando compreender tudo e todos, um homem consegue, depois de mais ou menos quarenta anos de vida aprender a ficar calado."

Fernandes, Millôr





De manhã, bem cedo, fomos para Redenção. Cidade com muito, muito comércio. 

"O nome Redenção não tem nada haver com homenagem ao Marechal Cândido Rondon.
É referida ao bairro Redenção de Goiânia, que na época era uma invasão. A cidade de Redenção não surgiu por acaso, foi planejada por três amigos, em uma conversa regrada de cachaça em volta de um lampião e deitados em redes, em um barracão na beira da pista de pouso, que hoje é a avenida Brasil. 
Onde hoje é o cemitério Municipal, era uma vila de colonos, que foram chacinados pelos índios, e então os sobreviventes voltaram e la enterraram seus familiares."


A turma era boa. Uma participante iniciou muito agressiva. Ás vezes isso acontece: o participante não está no seu melhor dia ou preferia não estar ali. E o pior: culpa o facilitador do grupo, agindo de forma agressiva, mostrando desinteresse em participar das atividades ou até mesmo busca outra coisa para fazer, como folhear uma revista. No mundo atual o terror dos facilitadores de grupos é a tecnologia: computadores, celulares. Quem não tem um ou outro? E quem não leva para a sala de aula, pelo menos o celular? Quem resiste a dar uma “olhadinha” nas mensagens e se se segurar para não responder imediatamente? Poucos, muito poucos. Claro fazemos o contrato de convivência no início do treinamento, do curso, e todos concordam em deixar o celular no silencioso, computadores desligados. Mas nem todos seguem os acordos. E como agir com aqueles que quebram um outro acordo? O que você faria?
Eu sei o que faço: todos são adultos e sabem o que devem e o que não devem fazer para aproveitar o curso e não atrapalhar os colegas e o facilitador. Caso a pessoa, com sua conduta, não atrapalhe, problema dela. Tento trazê-la para as discussões, fazendo perguntas eventuais, fazendo de tudo um pouco para atrair e manter sua atenção. Na maioria das vezes, obtenho sucesso. Em outras, percebo que a pessoa realmente está ali porque não podia recusar a indicação do chefe. Neste caso não há muito o que fazer.
Mas e se a pessoa incomoda, por exemplo, saindo várias vezes da sala para atender o telefone ou fazer ligações? Situação difícil, principalmente dependendo das características do participante. Mas cabe ao facilitador controlar o grupo, garantir que comportamentos inadequados não atrapalhem a si próprio e aos outros. Cada facilitador tem seu jeito próprio de lidar com as diversas situações que podem surgir. É importante é controlar a situação, neutralizar os comportamentos inadequados e garantir o bom andamento do trabalho.

Pois bem, a participante agressiva, mal-humorada, não gostou logo de cara, de uma das primeiras dinâmicas: a das garrafas. Disse que era ridícula. Para esta dinâmica são utilizadas 3 garrafas, 3 facas e um copo com água. O desafio é fazer um suporte com este material que sustente o copo com água. Eu sempre gostei de aplicá-la, quando o tema é solução de problemas. Permite um belo processamento. Estimula a criatividade, busca de alternativas, trabalho em equipe, etc. Adoro. Mas ela detestou. Ás vezes, as pessoas regem de forma hostil quando percebem que não sabem resolver o desafio como se tivessem que saber de tudo o tempo todo. Ficam frustrados, irritados e procuram desmerecer a pessoa que os colocou nesta situação ou os recursos oferecidos.  Vaidade!
Durante o desenvolvimento da atividade, o grupo fez com que ela percebesse que seu comportamento não estava muito adequado. Aos poucos ela foi relaxando, se envolveu, participou e contribui para a solução do desafio. O processamento foi muito rico e proporcionou muitas reflexões, aprendizados.
Foi muito bom trabalhar com eles. Eu gosto. Sempre.

Um fato interessante que ocorreu: como o treinamento começou às 14h, tínhamos que parar por volta das 19h para o jantar, que seria servido na sala ao lado. De repente escutamos um grande barulho de coisas caindo, quebrando. Não deu outra: a mesa com os pratos que seriam servidos foi ao chão. Ainda bem que o incidente não impossibilitou que o jantar acontecesse. Estava com uma fome!


Mais uma vez tudo correu bem. Voltei para o hotel cansada e com a sensação de missão cumprida. Restava descansar para o próximo destino do dia seguinte: Marabá.

terça-feira, 11 de agosto de 2015



CONCEIÇÃO DO ARAGUAIA - PA              

https://www.youtube.com/watch?v=txrr3KaNzBY

"Nunca o homem inventará nada mais simples nem mais belo do que uma manifestação da natureza. Dada a causa, a natureza produz o efeito no modo mais breve em que pode ser produzido."

Leonardo da Vinci


Praias formadas pelo rio Araguaia são atração para turistas que visitam município paraense (Foto: Ray Nonato / Amazônia Jornal)

Nascer do sol - C. do Araguaia

Cajueiros - Hotel Tumarã






Na cabine do monomotor indo para C.Aragauaia

Rio Araguaia- Vista do Hotel Tarumã


Saímos de Belém às 11h para Marabá. Nunca tinha viajado em um avião tão pequeno.  Era um monomotor. Ao todo cabiam 5 pessoas. Meeeedo! E se o único motor falhasse? Melhor não pensar nisto.
No aeroporto conheci Simmarlene e Francisco, funcionários da empresa contratante e que viajaram comigo. Conheci também Talita, uma médica coordenadora de uma ONG, que cuidava dos índios. Que trabalho maravilhoso. Ela me contou várias histórias. Grandes pessoas.
Como não tinha copiloto, ocupei o lugar que seria dele na viagem. Achei o máximo. A visão era maravilhosa.
A viagem foi tranquila e a conversa foi deliciosa. Adorei a oportunidade de conhecer um pouco daquelas pessoas.
Quando chegamos em Marabá, o motorista da empresa já nos aguardava para o próximo destino da viagem: Conceição do Araguaia.
Estava muito, muito quente, um calor danado. Entramos em um bar, à beira de uma estrada bem empoeirada, para tomar alguma coisa, antes de prosseguir viagem. Tomei sorvete de cupuaçu. Bom demais. Naquele calor, era um manjar dos deuses. Fiquei muito cansada.

Quando chegamos em Conceição do Araguaia, já era final de tarde. A cidade deu para ver, é pequena, mas muito gracinha.  Fomos, direto comer peixe à beira do rio Araguaia, aonde tinha vários bares. As mesas eram colocadas à margem do rio, de tal forma que a água batia deliciosamente nos nossos pés, dando uma sensação de alívio naquele dia de intenso calor.  Quando a lua surgiu o encanto foi total. Estava maravilhosa, cheia, brilhante. Nunca esqueci. O rio é lindo, uma paisagem deslumbrante, dá vontade de ir ficando. A conversa correu solta.
Para completar comemos o peixe tucunaré, servido inteiro, acompanhado de arroz branquinho, farofa, vinagrete e pimenta no tucupi. E, claro, cerveja geladíssima. Ah! Se Valério estivesse aqui, iria adorar e sabe Deus que horas sairíamos dali. Acho que só quando a maré subisse, muito!

Depois desses momentos deliciosos, fui para a pousada e não gostei nada. O calor era muito, a TV não pegava. Fiquei muito irritada, mas àquela hora não tinha o que fazer. Entrei em contato com Simmarlene, que gentilmente me deu o endereço de um hotel. Tratei de me acomodar com o que tinha, querendo que a noite passasse rápido. E passou. Logo de manhã fui para o hotel e gostei muito. Tinha uma varanda espaçosa, de frente para o rio.

No “quintal” do hotel tinha pés de caju, carregados, vermelhinhos, maduros. Como tinha que ir logo para o treinamento, foi o tempo de trocar de roupa. Saborear os cajus, ficaria para depois, bem como apreciar aquela vista linda.

A turma do treinamento era muito boa. Foi uma delícia trabalhar com eles. Depois,   o motorista, (esse sim, era muito bacana) muito gentil, deu uma volta  de carro comigo para conhecer um pouco mais da cidade.  Adorei minha curta passagem por Conceição do Araguaia.  
Voltei para o hotel me sentindo feliz. Dormi bem e pude, na manhã seguinte, apreciar um belíssimo nascer do sol. Algumas imagens, gostaria de gravar eternamente na memória, para serem acessadas sempre que quisesse. Pelo menos, fotografei.
Desci d emalas prontas, para o café da manhã. Pedi autorização ao dono do hotel, para iniciar meu café pelos cajus. Autorização dada, lá fui eu para me fartar de caju. Tinha, mais ou menos, seis pés enormes de caju. Os galhos se vergavam, tamanha a quantidade de frutas maduras... ao alcance da mão, molhadas ainda pelo orvalho da madrugada. Nem precisava esticar o braço. Tão bonitos, doces, cheirosos. Delícia demais. Depois de me fartar de caju, terminei o delicioso café da manhã e seguimo para o próximo destino: Redenção.

Saí de conceição do Araguaia, com vontade de voltar um dia, com a família. Lugarzinho gostoso! Ainda não deu para voltar. Que vontade!

domingo, 9 de agosto de 2015


SÃO MIGUEL DO GUAMÁ - PA        

“Saber ouvir quase que é responder.”
Marivaux, Pierre

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São Miguel,  não é uma cidade muito grande. Antes de lá chegar, passamos em Castanhal, onde eu e o motorista da empresa almoçamos. Por sinal, ele era bem chato, não... enjoado, sei lá! Acho que não gostei das conversas dele. Mas, o escutava com todo o respeito e paciência que Deus me deu. 

Ás vezes, precisamos fazer um esforço grande para escutar, calar nossas vozes internas, dar a atenção, nossos ouvidos, àquele que precisa falar.  É necessário querer escutar o dito, o não dito, prestar atenção às expressões faciais, aos gestos, ao tom de voz, às pausas. É preciso ver e sentir a pessoa que se escuta.  Isto não é tão simples. Escutar a quem amamos, admiramos, quando precisamos da informação, é mais fácil, prazeroso. 

Escutar é uma atitude ativa. É um tempo meu que dou para o outro, é um presente. Muitas vezes, só precisamos que o outro nos escute; sabemos que a pessoa não irá resolver nossos problemas, mas o simples fato de escutar, de dar sua atenção, nos dá força para seguirmos em frente. Renova nossas energias, sentimos que não estamos sozinhos. Escutar é coisa de amigo, companheiro, amor. Escutar é uma atitude solidária, é um carinho.

No mundo atual falta “escutadores”. Até acho que é por isso que as pessoas usam as mídias sociais para contar quase tudo do dia a dia. Alguém vai curtir, comentar. Alguém vai me “escutar”. Aguardamos ansiosos os números de curtidas e ficamos chateados quando uma ou outra pessoa que consideramos não se manifesta, permanece no silêncio absoluto. Será que já não sou mais tão importante para essa pessoa? Não faço falta? Será que está chateada, zangada, por alguma razão? Esta será a nova forma de se sentir “escutado”, querido, importante, amado?  Que coisa! Que droga!

Hoje, chega de falar sobre este assunto. Assunto complexo, precisa de mais tempo.

Voltando à São Miguel.
Pouco conheci desta cidade. Cheguei e fui direto para o local do treinamento.
A turma era pequena e, após poucos minutos, deu para perceber que não tinham o perfil para aquele treinamento, que era específico para lideranças da comunidade ou pequenos empreendedores. Ás vezes acontecia. E nesse caso o trabalho fica mais difícil. Os participantes não questionam, não contribuem com exemplos e as dinâmicas ficam empobrecidas. Não há como aprofundar o processamento, pois falta experiência de liderança de equipes e até de vida.

Tinha dois jovens como “convidados” (o que normalmente não é permitido). Isso significa que não estavam inscritos formalmente no curso. A pessoa responsável pelo grupo, os convidou. Um deles, conversou muito comigo, durante os intervalos. Contou um pouco de sua vida: filho adotivo, entrou no mundo das drogas, álcool. Deu o retrato de sua mãe para mim, para que eu lembrasse dele. Meu Deus, como eram carentes de atenção, afeto, de alguém que pudesse ajudar, escutar, orientar. O outro, também estava largando a bebida. Eram tão jovens! Fiquei comovida. Achei muito triste tudo que me contaram.
Mais tarde, a pessoa que os convidou, me disse que tinha esperança de o curso ajudá-los de alguma forma. Será? Tomara!

É assim: conhecemos pessoas, que às vezes nos contam seus sonhos, alguns segredos, dores profundas, e nunca mais sabemos delas. Talvez por isto mesmo é que contam. E só nos resta o desejo de que tenham uma vida boa, superem os obstáculos, curem suas dores, aprendam com elas, realizem seus sonhos, sejam felizes.

Sempre faço questão de tirar uma foto com todos os participantes ao término dos treinamentos. É uma forma de registrar o rosto de cada uma delas, para não esquecer, para registrar a lembrança de momentos tão agradáveis e enriquecedores.

Voltei com o motorista chato/enjoado para Belém, com uma sensação estranha, reflexiva. Um sentimento que não sabia bem definir. Aqueles dois jovens, aquelas pessoas tão simples, que foram tão carinhosas comigo, seguiram a viagem comigo. Que sejam felizes. Mais uma vez sou grata por tudo que aprendi com cada um deles.