segunda-feira, 14 de setembro de 2015




Picos /PI – 2011

“Tudo tem o seu tempo, o momento oportun, para todo o propósito debaixo do sol.”
Eclesiastes 3,1





Picos é um município brasileiro do estado do Piauí. Conhecida como Cidade Modelo e Capital do Mel. Cidade jovem, tem como principal característica social a mistura étnica pois sua população é formada por indivíduos das mais diversas partes do país. Wikipédia

Fui para Picos no carro da contratante e o motorista Fernando era uma graça de pessoa. Ele ficou responsável por me levar às cidades onde seriam realizados os treinamentos (ao todo eram cinco). Pessoa educada, prestativa, contribuiu para que os dias fossem melhores. Não é nada fácil ficar viajando de uma cidade para outra e ficar tantos dias longe da família. E sem falar no calor. Êta estado quente!

Turma com trinta participantes, sala pequena. Mas foi super legal. Normalmente as turmas do Piauí são boas, bom nível e os participantes são muito comprometidos, o que faz com que as horas de treinamento passem muito rápido.
Um dos participantes tinha uma loja que vendia produtos a base de mel. Ganhei uma cesta com vários produtos, muito mel. Delícia! Uma cesta linda e saborosa.
À noite fui com Fernando comer carne de Bode com mandioca e gostei muito.
Fernando me contou que se você chegar no bar e disser que come só carne de carneiro, o garçom diz que só nome do restaurante é “Bode assado” e que lá só tem carneiro. Se disser que só come bode, ele diz que está no local certo. No fim das contas, não sei se comi bode ou carneiro. Mas o que importa é que gostei.

Como o treinamento começava à tarde, o lanche foi jantar: galinha a cabidela, muito bom também. Em Minas, nós conhecemso como Frango ao molho pardo e é um prato bem tradicional. Minha mãe fazia e muito bem.

Galinha de cabidela é um prato tradicional do Norte de Portugal, também conhecido no Sudeste e Sul do Brasil como Frango ao Molho Pardo, no Nordeste é conhecido também como Galinha Cabidela. É um guisado de frango onde se adiciona durante o cozimento o sangue avinagrado do animal colhido no abate.
No Nordeste é costume vir acompanhada de arroz branco; já no centro-sul é guarnecido de angu e couve refogada.
Cozinhar com sangue é um costume antigo de vários povos; em Portugal a cabidela tem registros desde o século XVI, e igualmente pode ser preparada com outras aves ou animais (pato, peru, porco, cabrito ou caça). Wikipédia

O hotel em Picos não era lá grandes coisas. Aliás, pequena coisa: quarto muito pequeno e conforto quase nenhum. Fazer o quê? Dormir, ora. O cansaço ajuda.

Dia seguinte a próxima cidade era Ipiranga.

terça-feira, 8 de setembro de 2015




OEIRAS – PI – 2001 – http://oeiras.pi.gov.br/

“Pessoas com metas triunfam porque saben para onde vão. É tão simples como isso. ”
Nightingale, Earl
  






 
Momento em sala: Dinâmica da escola de samba e do jantar.

Oeiras é uma cidade bem pequena. O treinamento começou às 14h e foi até às 22h.
Turma bem agitada. Deu trabalho. Muito barulhentos. Mas foi bom. O tema motivação gerou muita polêmica. Alguns não aceitaram o de que motivação é intrínseca à pessoa e que conceitualmente ninguém motiva ninguém. Podemos estimular, influenciar, mas a pessoa só muda se ela quiser.

Há muita literatura escrita por psicólogos, administradores, pedagogos, sociólogos, sobre a motivação buscando o entendimento do comportamento humano.
Teorias, tais como: Teoria Comportamentalista, que tem como alicerce a relação estímulo-resposta ; Teoria das Necessidades de Maslow, ou Pirâmide de Maslow, que apresenta as necessidades humanas de forma hierarquizada e afirma que o ser humano busca atendê-las de forma sequencial (necessidades fisiológicas, de segurança, sociais, de autoestima e de autorrealização); Teoria das Expectativas, que descreve a concretização de uma ação como uma decisão pessoal, baseada nas recompensas esperadas e no esforço estimado para sua realização; e  Teoria Higiene-Motivação de Herzberg, buscam explicar as motivações do ser humano.

A discussão sobre o tema foi fervorosa e cheia de exemplos de pessoas que foram motivadas, por exemplo, a parar de fumar, beber, voltar a estudar.
Na verdade, penso que o que as pessoas não querem é que lhes seja tirado o “mérito”, o orgulho de ter motivado alguém a fazer ou deixar de fazer alguma coisa; a importância que se tem na vida da pessoa que mudou por amor, amizade etc.
Afinal de contas, concordar que ninguém motiva ninguém é diminuir o poder de controle do outro, de significância em sua vida. Penso eu.

Foi uma bela discussão, mas no fim das contas cheguei a conclusão que preciso ler mais a respeito, ter mais embasamento para fundamentação dos conceitos. Adoro quando isto acontece, pois me sinto instigada a buscar mais conhecimento, lendo artigos, livros, discutindo com pessoas que sabem mais do que eu.
E no final das contas o mais importante é saber: o que me motiva? O que me faz acordar e levantar da cama com ânimo, bom humor, cheia de energia?
Será que a maioria das pessoas tem claro o que as motiva? Receio que não.
Comprovei que não fazendo essa pergunta para os participantes dos treinamentos.

Falar em motivação, é falar em sonhos, objetivos, metas, faça sol, faça chuva.
Quando perguntava um a um o que o motivava, o silêncio se instalava, e às vezes, percebia até uma certa angústia na pessoa. Alguns nunca sequer pararam para pensar sobre o assunto, sobre si próprios. Enfim, viviam (ou vivem) sua vida, pegando carona, ajudando outros a realizarem seus sonhos. Será esta a motivação delas?
Valeu. Agradeço ao grupo a oportunidade da reflexão, das trocas e estímulo para buscar mais conhecimento.

Quando o treinamento começa às 14h, por volta das 19h, paramos para jantar. É, verdade. Jantar mesmo.
O nosso jantar teve como prato principal o arroz com pequenos pedaços de carne de sol, chamado de Maria Isabel. Foi interessante: sentamos nas escadarias da igreja, cada um com seu prato no colo, e ali fizemos a refeição. Estava uma noite quente, com uma bela lua. Foi um momento muito gostoso em todos os sentidos: a comida, as conversas, o lugar.

O arroz Maria Isabel é uma variação do arroz carreteiro.

O arroz de carreteiro, ou simplesmente carreteiro, é um prato típico da Região sul do Brasil (embora, atualmente, já esteja incorporado à cozinha brasileira, sendo comum saboreá-lo em todo o país). É feito de arroz ao qual se adiciona carne-seca ou carne de sol desfiada ou picada, às vezes paio e linguiça em pedaços, refogados em bastante gordura, com alho, cebola, tomate e cheiro-verde.[2] Nas regiões Centro-Oeste e Nordeste do Brasil, é também conhecido como maria-isabel, e preparado com carne de sol. https://pt.wikipedia.org/wiki/Arroz_carreteiro

Fiquei hospedada em um hotel onde funciona uma pizzaria e que me lembrou um pouco o “Onhas do Jequi” – bar que eu e Valério tivemos em Belo Horizonte – MG. O que me fez lembrar foram músicas e decoração rústica. A proprietária do hotel/pizzaria, quando iniciou o negócio sequer sabia fazer a massa. E olha que a pizza era bem gostosa! Ela me contou parte de sua história, lutas, alegrias. Enquanto isto, músicas de boa qualidade davam um toque especial àquele lugar tão charmoso, bem cuidado.

Foi uma noite de bom sono. Acordei revigorada e motivada para seguir viagem. 
Próximo destino: a cidade de Picos.

sexta-feira, 4 de setembro de 2015


PARNAÍBA – PI (junho)    (2001) líder de vanguarda http://www.parnaiba.pi.gov.br/


"A coragem que vence o medo tem mais elementos de grandeza que aquela que o não tem. Uma começa interiormente; outra é puramente exterior. A última faz frente ao perigo; a primeira faz frente, antes e tudo, ao próprio temor dentro da sua alma".

Pessoa, Fernando
  
  



Parnaíba é um município brasileiro do estado do Piauí, possuindo uma população de mais de 150 mil habitantes, sendo o segundo mais populoso do estado, perdendo apenas para a capital Teresina. É um dos quatro municípios litorâneos do Piauí. Wikipédia

Destino: Piauí. Uma semana. E lá fui eu, carregando mala, vontade de ensinar e de aprender. Carregando também expectativas novas, para novos grupos e a saudade que se fez presente ainda no arrumar das malas. Meu primeiro treinamento foi em Parnaíba e fui de carro com o motorista da empresa.

Correu tudo bem. Comecei o treinamento um pouco insegura, achando que o grupo não estava gostando. Não sei bem o porquê. Acho que a minha insegurança é que me levava a ter essa percepção. Claro que controlei minha insegurança e não deixei que percebessem. Tem que ser assim, caso contrário as pessoas também se sentem inseguras e você perde a sua credibilidade.

A avaliação foi de muito bom para excelente. Fiquei contente. À noite fui a um concurso de quadrilha. Experimentei a culinária piauiense: Maria Isabel, arroz misturado com pequenos pedaços de carne de sol. Muitas barracas de comidas típicas, roupas bonitas, coloridas, tudo enfeitado, muita luz, música, calor, alegria, cores.

É uma festa muito bonita. Nunca tinha visto igual. Ocorre uma disputa acirrada entre grupos que vão danças a quadrilha. Puxa vida, como eles dançam. É quase 90 minutos, de muita “ginástica”, tem que ter preparo físico, se tem. Fica lotado. Tirei muitas fotos. É uma animação só. Depois fui na casa do Chiquinho (participante do curso), onde encontrei facilitadores do Empretec (curso oferecido pelo Sebrae). Era a comemoração de um aniversário. Quanta comida gostosa: creme de milho, galinha à cabidela, banana verde frita. Aiaiai, não tem como não engordar. Deixa para lá, depois corro atrás do prejuízo. Fico sempre devendo, mas vale a pena.
Foi muito bom conhecer novas pessoas, um pouco mais da cultura do lugar.

Fiquei no domingo, para conhecer o Delta do Parnaíba (O Delta está situado entre os estados brasileiros do Maranhão e do Piauí. O Delta abre-se em cinco braços, envolvendo 73 ilhas fluviais, sua paisagem exuberante, cheia de dunas, mangues e ilhas fluviais, garante o cenário paradisíaco dessa região do Maranhão e Piauí).
Liberei o motorista da empresa já na chegada, pois ele não tinha a obrigação de ficar dia a mais para que eu passeasse. Certíssimo.
Valeu a pena ter ficado. O passeio foi lindo, divertido. Fomos de barco. Funciona assim: paga-se um valor pelo passeio com direito a parada no Delta e degustação de caranguejos. Era uma turma divertida. Eu, como quase sempre, estava sozinha, mas logo me entrosei com as pessoas. O trajeto já valeu a pena: apreciamos a paisagem cercada pelos mangues, a população ribeirinha, e depois quando chegamos onde se formam as lagoas, o barco parou para descermos e aproveitar um pouco o lugar. Muito calor, dunas de areia muito altas.
Que paisagem!
Que cansa, cansa. Sol escaldante, sobe duna, desce duna e cai numa das lagoas refrescantes. Delícia. Dá vontade de ficar por ali mesmo. Mas a vida chama.

Quando voltamos para o barco, tinham mesinhas dentro do rio, com caranguejo para nós (incluso no passeio). Foi muito bom mesmo. Conversamos, rimos. Todo mundo feliz.

Aconteceu um fato muito engraçado: quando subimos no barco, logo na entrada, tinha uma mesa com uma bela porção de camarões fritos. Cada um que subia, comia um, dois, achando que o atendimento era mais do que bom. E então ficamos sabendo que na verdade aqueles camarões eram de uma família que tinha levado para o seu próprio consumo. Que coisa! Ainda bem que só ficamos sabendo depois. No final virou brincadeira, rimos muito, a família comeu o pouco que restou e sugerimos que para o próximo passeio comprassem mais. Quando estamos de bem com nós mesmos, com a vida, tudo fica leve e divertido.

À noite voltei para Teresina de ônibus. A viagem foi muito ruim. Um para-para sem fim e a estrada esburacada, péssima (marca registrada do Piauí, naquela época).

Curiosidade do Piauí: os meses mais quentes são conhecidos como B R OBRÓ, ou meses do BRÕ. São os meses que chove: setembro, outubro, novembro, dezembro.
Quando o tempo fecha para chover, eles dizem: “o tempo está ficando bonito”.
Banho e cama. Amanhã meu destino é Oeiras.




quarta-feira, 2 de setembro de 2015


INDAIATUBA – SP – 2002 – http://www.indaiatuba.sp.gov.br/

                                     
“Qualquer um pode tomar o leme quando o mar está calmo. ”
Siro, Públio




  


Indaiatuba está entre as 50 cidades com menor Índice de Vulnerabilidade Social (IVS) do Estado de São Paulo. O Atlas foi divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). “Mais uma vez Indaiatuba é destaque entre os melhores municípios do Estado de São Paulo.

Como estava frio naquela ocasião. Como o treinamento começava às 14h, Valério me levou. Antes, passamos em uma das clínicas que ele administra em Indaiatuba. Foi muito bom, pois pude conhecer mais uma das clínicas.

A turma foi muito boa. Demonstraram interesse, muito comprometimento com o processo de aprendizagem, participando ativamente das atividades. Os processamentos foram muito ricos.

Mas, passei por uma situação inusitada: já tinha sido avisada que a pessoa responsável pela contratante (vou chamá-la de Cláudia), e que estaria presente no treinamento, era muito difícil e que eu deveria cuidar para que ela não gerasse nenhum conflito com os participantes. Era também filha de uma pessoa influente na cidade e utilizava isto para se impor. E, as pessoas tinham certo medo de contestá-la.

Ela me recebeu gentilmente, foi agradável. Pude perceber que tinha uma personalidade forte, mais isto a princípio não era nenhum problema para mim. Já lidei, convivi com pessoas das mais variadas e isto só me ajudou a me adaptar, ter jogo de cintura. Os participantes difíceis é que são os nossos verdadeiros desafios. Trabalhar com quem quer aprender, com quem é educado, não apresenta nenhuma dificuldade.

Mais uma vez, aconteceu uma situação inusitada:  aproximadamente 40 minutos após o início do treinamento, entraram dois senhores que até achei eram participantes atrasados. Educamente os cumprimentei e indiquei lugares para que se sentassem.
Quando me dei por conta, a Cláudia começou a gritar com um deles, falava palavrões, ameaças e só não o agrediu fisicamente, porque outros participantes literalmente a seguraram.  Confesso que meu espanto foi tamanho que fiquei sem reação nos primeiros minutos com o coração acelerado. Que susto! Foi muito constrangedor e criou um clima de grande tensão. Começou e terminou de forma rápida. Creio que os dois senhores se deram conta da situação e atenderam meu pedido para discutirem fora da sala.
Pedi aos participantes que aguardassem um pouco e também saí com Cláudia que estava totalmente alterada, nervosa, exaspera. Sugeri que para se recuperar desse uma volta, se ausentasse um pouco do treinamento, e que se quisesse retornar seria muito bem-vinda. Ela aceitou a ideia e se ausentou por mais ou menos 2h (graças a Deus) e quando retornou teve uma ótima participação. Tinha recuperado a calma e entrou como se nada tivesse ocorrido. Pode?

Mas não foi fácil seguir com o treinamento logo após a confusão. Os participantes estavam tensos, abalados, e eu também é claro.
O que fazer nesta situação? Quando a gente acha que já aconteceu um pouco de tudo em sala de aula, sempre parece mais algumas situações daquelas!
O que fazer?
Pedi que todos ficassem de pé, em círculo. Em seguida, fiz alguns exercícios de relaxamento, respiração, para recuperar o equilíbrio. Disse que situações imprevistas acontecem no dia a dia das lideranças e que é preciso ter habilidade para lidar com elas da melhor maneira possível. Era importante tirar o foco da situação, dos envolvidos, e convidei a todos para o grito de celebração e para a continuidade dos trabalhos. E seguimos.

O que é o grito de celebração?

Sempre que o treinamento é desenvolvido em 5, 6 dias, logo no primeiro dia e início dos trabalhos, incentivamos os participantes a escolherem uma palavra, uma frase curta que possa representar seu “grito de Celebração”.  Todos os dias no início e ao término, todos em círculo, de mãos dadas, com muita energia, dizem em voz alta a palavra ou a frase para celebrar mais um encontro ou o término de mais um dia de aprendizados conquistados. Também, durante cada encontro, quando os participantes realizam alguma atividade com louvor eles celebram com o “grito”. É muito bacana e

Ao término do treinamento, Cláudia me deu um lindo vaso de flores; disse que tinha gostado muito de mim e do treinamento. Estas atitudes compensam o nosso trabalho.
Depois, voltei com Valério para casa.  Como é bom encontrá-lo após o término do trabalho e voltar para casa no mesmo dia. Foi muito bom. E muito frio também.