quarta-feira, 18 de março de 2015



São Miguel Arcanjo – 2002 – http://www.saomiguelarcanjo.sp.gov.br/

"Não é o trabalho, mas o saber trabalhar, que é o segredo do êxito no trabalho. Saber trabalhar quer dizer: não fazer um esforço inútil, persistir no esforço até ao fim, e saber reconstruir uma orientação quando se verificou que ela era, ou se tornou, errada."
 Fernando Pessoa

Tive que dar uma parada nos relatos de minhas viagens. A vida é assim. Quando menos esperamos, ela nos surpreende, nos assusta, bagunça tudo... mas, retoma o seu prumo. E aqui vamos nós, sempre em frente, mais fortalecidos, mais agradecidos.







São Miguel Arcanjo, é uma cidade pequena e  não tem muito o que  fazer por lá.
O município recebeu o nome em virtude de uma capela construída em suas terras para homenagear São Miguel Arcanjo. A Capela é muito bonita, e a imagem de São Miguel Arcanjo, enorme, é maravilhosa.
São Miguel Arcanjo é considerado a capital mundial das uvas finas (2006); hoje em dia a Festa da Uva é comemorada no Recinto de Exposição, durante a safra da uva nos meses de fevereiro e março.
A festa do padroeiro da cidade acontece no dia 29 de setembro, data em que a Igreja Católica celebra o dia do Arcanjo Miguel.

A primeira parte da viagem, digo, estadia em S. M. Arcanjo foi horrível. 
Na ida, foi até legal. Conheci Eni que trabalhava na biblioteca do Sebrae em SP.
Nos conhecemos na rodoviária, viajamos batendo papo, e quando chegamos sua irmã deu carona até o hotel.

Detestei o hotel. Estava lotado de viajantes, e fiquei com o pior quarto: era comprido, estreito, no fim do corredor. Tive a impressão que “sobrou” aquele canto, e resolveram fazer um “quartinho”, para aproveitar. Reclamei, fiquei brava, pois tinha feito reserva com antecedência. Mas, só no dia seguinte disponibilizaram um quarto um pouco melhor.
No entanto, dormi mal. Acordava muito cedo, estou falando por volta das 5h da manhã, pois além do barulho dos motores sendo ligados, pois os viajantes (na sua maioria, caminhoneiros) saíam muito cedo. Do quarto, ouvia barulho de banho, descarga, e outros bem desagradáveis, diga-se de passagem. Não gostei mesmo.

Quanto ao curso: local não muito adequado. O som, um dos participantes emprestou. Cadeiras desconfortáveis. Turma pequena, e alguns fora do perfil, para aquele treinamento. O curso era para empreendedores de pequenas empresas, lideranças locais. A falta de experiência de liderança, dificultou a participação, e o entendimento dos temas abordados. Não questionavam, não davam exemplos. No sábado, conheci e fui jantar na casa (fazenda) de uma participante.  Foi bem legal. Tinha uma turma de amigos dela, que levaram videokê e até cantei (aiaiaiai... que mico). Sou totalmente desafinada. Tinha vergonha de cantar até no banheiro, até que parei de vez.

Tive oportunidade de conhecer um pouco da história da vida daquela participante. Fiquei impressionada com sua coragem, determinação e persistência. Me senti pequena  perto dela.
Com 34 anos, 3 filhos , é um exemplo de pessoa, que não desanima, supera os obstáculos, faz das dificuldades um motivo a mais para lutar e alcançar seus objetivos. Eles plantam uva. E que uvas deliciosas.

O retorno no domingo foi péssimo: peguei um ônibus circular para Itapetininga, que só não entrou mais gente, porque realmente não cabia. Parava de minuto em minuto. Em Itapetininga peguei outro ônibus par SP. Não tinha mais lugar na janela, e durante o caminho todas as janelas permaneceram fechadas. Senti calor demais, demais mesmo. Estava chateada, cansada. Chorei até. Não gostei do trabalho. Não gosto de trabalhar final de semana. Cheguei mal-humorada, não quis muita conversa. Só queria um bom banho e uma boa cama e o aconchego da minha família.

A segunda parte da viagem/estadia para S. M. Arcanjo foi bem melhor.
Fui de carona com uma participante. Ela tem esclerose múltipla, portanto, dificuldade  para andar, pegar coisas (perna direita e mãos comprometidas).
Incrível como ela dirige por todo lado aqui em SP. Tudo bem que o carro é automático, mas mesmo assim eu admiro muito sua coragem. Era medrosa para dirigir, principalmente aqui em SP. Quase não dirigia.
Em S. M.Arcanjo fui para outro hotel. A proprietária, informou quando estive lá da primeira vez, que não precisava fazer reserva, e quase fico sem lugar para dormir, pois estava lotado.  A filha que estava hospedada a passeio, me cedeu o quarto dela. Um pouco melhor que o outro, embora o colchão afundasse quando me deitava, o guarda-roupas tinha um cabide segurando a porta. 
A dona do hotel trocava lençol e fronha todo dia (fiquei lá 3 dias), mas na última noite esqueceu de colocar um lençol para que eu pudesse  me cobrir. A solução foi  me cobrir um pouco com a toalha, e tudo bem, dormi. 

Fui dois dias pós treinamento na fazenda dos pais de Lourdes, que são uns amores. Jantar delicioso. Fogão a lenha, prosa mais do que agradável, muitas histórias.
Fui também na casa do Ernesto/Lauricéia, onde também se encontrava a Rosadélia. Foi muito bom, conhecer um pouco mais deles, de suas vidas.

No interior é assim: como são muito acolhedores, nos convidam para jantar, tomar café. São fofos! E é carinho, que me renova, que faz valer a pena, independemente das dificuldades que enfrento para chegar até eles, para hospedar, alimentar. Esqueço o choro, as noites mal dormidas, o cansaço.

Os seis dias de treinamento correu bem, a integração foi ótima comigo e entre os participantes. No encerramento, fizeram uma roda, fiquei no centro, e de repente eles me pegaram e jogaram pra cima, umas quatro vezes. Nossa, nunca tinha passado por isto. Doidos! Delícia! Gostei!


O retorno foi bem melhor. Fui para Sorocaba e não esperei 20 minutos para pegar outro ônibus para SP. Deu até para cochilar. Enfim, mais uma etapa vencida. Coração sossegado.



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