terça-feira, 3 de março de 2015







"A alegria que se tem em pensar e aprender faz-nos pensar e aprender ainda mais."
Aristóteles




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Uma das vantagens de viajar de ônibus é quando a pessoa que se senta ao nosso lado é bacana. Uma das desvantagens é exatamente o contrário: quando a pessoa que se senta ao nosso lado é desagradável, ronca, baba, tosse, suspira, come salgadinho ou chupa bala o trajeto todo, puxa conversa quando tudo que queremos é ficar invisível.

Sempre aproveito o tempo das viagens para ler, estudar mais um pouco, dormir, ficar pensando na vida, sentir saudades, apreciar a paisagem (já vi cada pôr de sol, cada lua...) e quando dou sorte de ter uma boa companhia, conversar o caminho inteirinho e nem ver o tempo passar. Delícia!

E foi assim que ocorreu com a viagem para Santa Cruz do Rio Pardo. Conheci Aldine, uma pessoa muito interessante. Conversamos bastante durante a viagem. Ela mora em SP, mas é de SCRP,  e estava indo visitar os pais que moram  lá. Foi super bacana  conhecê-la um pouco e trocarmos ideias. Contei o motivo de minha viagem, e conversa vai, conversa vem, ela me convidou para ir para a casa dela após o treinamento. Aceitei de bom grado, pois o treinamento terminava às 17:00h e eu teria que esperar até às 00:30h para pegar o ônibus e retornar par São Paulo. Os paulistas, que são todos aqueles que nasceram e moram no interior, são muito acolhedores. Lembram o meu povo mineiro. Portas e coração aberto, com um sorrisão no rosto.

Chegando em SCRP, a mãe de Aldine a aguardava na rodoviária, e gentilmente me deu uma carona até o hotel.

O hotel,  San Juan, era simples, mas confortável. Faço questão que toalhas e roupas de cama sejam brancas. Faço questão, mas nem sempre foi assim.

O trabalho com o grupo foi muito bom.  Participativos, alegres, deram grandes contribuições no processamento das atividades. Aprendemos e nos divertimos. 

Sempre, mas sempre mesmo, após todo e qualquer treinamento, faço uma reflexão sobre o que poderia melhorar, o que preciso melhorar nas minhas atitudes , ou até preciso buscar mais informações, qual dinâmica foi um sucesso, qual não foi tão boa assim. E assim sigo aprendendo. 

Precisamos investir continuamente no desenvolvimento de nossos conhecimentos, habilidades e atitudes. Nossa responsabilidade com cada uma das pessoas, que investem seu tempo e seu dinheiro para nos ouvir, é muito grande. 

O treinamento foi na antiga Delegacia de Ensino, onde funcionou a 1ª escola da cidade (1937). Antigamente era dividida: de um lado meninas, do outro os meninos.
Inclusive tem escrito do lado de fora, no alto do prédio: (MENINOS/MENINAS). Dentro tem um pequeno museu muito interessante: carteiras, palmatória, retroprojetor, slides, máquina de datilografar, fotos, cadernos de alguns alunos.
Chamou-me a atenção um caderno de trabalhos manuais de uma aluna: crochê, tapetes, roupas de bebê, pontos de cruz, tudo em miniatura e muito bem feito, com muito capricho.
Mostra como a mulher era criada para aprende habilidades  domésticas, para casar, tomar conta dos filhos.

O grupo me surpreendeu com duas lindas homenagens:

-na atividade Construção da Máquina Humana, fizeram uma máquina de datilografia. Uma pessoa fazia de conta que estava datilografando, apontava um colega que levantava uma letra. Ao final formaram a frase: MINAS - MEIRE.

-na dinâmica do Jogo da Velha, o grito de guerra de uma das equipes era: UAI.
Foi muito legal. Fiquei emocionada e considerei estas duas atitudes como uma homenagem. E não era? Era sim.


Após o treinamento, Aldine estava me esperando. Fomos para sua casa (muito bonita, com piscina). Lá lanchei, conheci o seu pai que estava doente, tomei banho e descansei um pouco. Um luxo! Fiquei encantada com o acolhimento que me deram. Uma pessoa estranha, e no entanto, me receberam com tanto desprendimento e atenção.  Realmente as pessoas do interior são muito diferentes. Muito hospitaleiros, carinhosos.

Depois fui com aldine para um sítio e conheci outras pessoas maravilhosas: Graça, Sr. Antonio, Silmara, Rosinha e outros. Foi muito bom. Como estava muito quente, alguns estavam tomando de piscina. Tomamos cerveja, comi testículo de boi (nem tão bom, mas não tão ruim. Nunca pensei que faria isso) e fizeram um arroz delicioso, misturado com três tipos de carne, repolho e batata doce. É um tipo de cozido português.
Foi super bom; “bom demais da conta”. Dá vontade de voltar. Cheguei na rodoviária para voltar em cima da hora, por pouco perco o ônibus. Na verdade, fui a última a entrar no ônibus, e claro, só acordei em SP.
Mantive contato com Aldine por um tempo, em SP. Ela conheceu minha família.
Mas, infelizmente, os caminhos da vida e seus desvios nos fizeram perder o contato.
De fato foi tudo muito, muito bom. Saudades da Aldine.



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