sexta-feira, 27 de março de 2015

GUAREÍ – SP – 2011 http://www.guarei.sp.gov.br/


Vive a vida o mais intensamente que puderes. Escreve essa intensidade o mais calmamente que puderes. E ela será ainda mais intensa no absoluto imaginário de quem te lê.”
                                                                                              

Vergílio Ferreira
  


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Algumas viagens são verdadeiras aventuras, pena que nem sempre agradáveis. Mas, inesquecíveis, seja por acontecimentos pitorescos, divertidos, ou situações inusitadas, que chegam até a nos fazer sentir medo.

O treinamento que ministrei em GuareÍ, era de um programa de SEIS dias, em duas etapas: três dias cada uma, com intervalo de cinco dias entre uma e outra.
Começava às 14h e finalizava às 22h. Particularmente, nunca gostei de trabalhar nesse horário. Por volta das 20h, os participantes já demonstravam muito cansaço. E, claro, o esforço para mantê-los motivados era bem maior.

Pois bem, viajei para Guareí, na noite anterior. Como sempre, queria ter um tempo para fazer um reconhecimento da cidade; conhecer um pouco dela.

Cheguei na cidade por volta das 20h, e me dirigi para o único hotel da cidade. Imaginei que era bem simples, pois quando liguei para fazer a reserva, fui informada que o preço da diária era de R$ 10,00. Mesmo sendo há dez anos atrás, era praticamente de graça. Vai saber. E eu fiquei sabendo! Preferia não ter tido essa oportunidade.

Quando desci do táxi em frente ao hotel, já deu para perceber que a estadia prometia não ser boa.

Assim que vi a “recepção” vi que era simples até demais, por demais.

Um sofá que não dava para entender como estava sustentado nos quatro pés. Buraco era o que não faltava. Tive a impressão que se colocasse minha mala em cima, ele despencava.
O ambiente estava ani-ma-dis-si-mo!! Alguns caminhoneiros sem camisa, conversavam muito à vontade, enquanto um colega tocava uma sanfona na sala de TV que era uma extensão da recepção. Animação total.

A decoração, além do sofá, que parecia ia desmontar a qualquer momento, era primorosa, de “extremo bom gosto”: na parede a pintura de uma sereia com seus longos cabelos e traços mal definidos. A não ser as curvas, bem desenhadas.

Fiz o meu “registro” – que se limitava a dizer o nome, peguei a chave, fechei a cara e subi por uma escada suja, sentindo alguns olhares me acompanhando. Pensavam o que meu bom Deus? De fato não queria mesmo saber.
 Ao final da escada, uma mesa com alguns cobertores disponíveis. Tinha o privilégio de escolher o menos áspero, o menos velho.

Óbvio, não escolhi nenhum. Preferia sentir o frio da noite do que a aspereza daqueles “cobertores”, que no mínimo estavam empoeirados.

O PRIMEIRO QUARTO

Entrei no quarto, e o que vi não me agradou nem um pouco. Muito pequeno. Tinha banheiro, menos mal e uma TV bem antiga, mas que funcionava. O pior era a cama: um lençol pink a cobria, com algumas manchas, sabe-se lá de quê. Não quis ver mais nada. Resolvi descer, e procurar uma loja aonde pudesse comprar uma roupa de cama, pois toalha de banho, rosto, eu sempre levava. Fiz isso, mas não encontrei nenhuma loja aberta por perto, pois já passava um pouco das 21h, e em cidade pequena o comércio fecha cedo. Voltei para o “hotel” desolada.

Pedi transferência de quarto, pois o que me deram, tinha que dar um “jeitinho” com a chave para abrir e fechar. E, com o humor que eu estava, o único jeitinho que eu queria era sair correndo dali. Mas, não tinha outro local de hospedagem na cidade.


SEGUNDO QUARTO:

Janelas empoeiradas, com algumas teias de aranha. Lençol no mesmo estado de “conservação”, banheiro com azulejos que pareciam nunca terem sido lavados,  com sujeira nas junções dos azulejos . Mas, o armarinho do banheiro parecia novo. Claro, abri, e SURPRESA:   tinha um pênis desenhado com caneta esferográfica lá dentro, escrito: "achou, c----". O susto foi tamanho, que bati a porta, como se a "coisa" fosse criar vida e pular em mim. Fiquei indignada.

Tomar banho nem pensar, deitar naquele lençol, nem por Deus. A solução: estendi a toalha de banho sobre o lençol, a de rosto sobre o travesseiro, e me preparei para passar a noite, rezando para que conseguisse dormir logo.
 
Liguei a TV, até que o sono chegasse.
De repente escuto um barulho e eis que um papel se adentra por baixo da porta. Gelei. Com medo, levantei devagarinho e peguei. Era um convite para conhecer um “cara legal de Londrina – PR. Estava no salão quando eu cheguei e me achou mjito simpática. Queria me conhecer, “conversar”. Estava no quarto 16 e eu nem precisava bater na porta, pois ela estava aberta”. Quanta gentileza... Fiquei apavorada. Para abrir aquela porta, não precisava de esforço algum. Um empurrãozinho de nada e pronto!
Tive tanto medo, que coloquei o móvel com a TV atrás da porta, tomei um calmante (senão não conseguia dormir), e desmaiei.

No dia seguinte, acordei muito cedo, muito mesmo. Olhei pela janela e vi que o dia estava frio e com muita neblina. Lavei o rosto, com nojo até da água, joguei as tolhas, pijama na mala, e desci as escadas. O funcionário do hotel, estranhou, pois tinha feito reserva para três noites; preferi não revelar os meus motivos. Ele disse que o café estava servido na sala ao lado. Agradeci e recusei, dizendo que não tomava café. Mal sabia ele, a fome que eu estava, pois minha última refeição tinha ocorrido quando sai de casa. Sai de lá quase correndo, arrastando a mala. Por sorte, tinha uma padaria por perto, e foi lá que tomei meu café e coloquei as ideias em ordem. O que faria? O treinamento só começava às 14h. Tinha sido organizado pela Prefeitura, que ainda não estava aberta. Fiquei um bom tempo na padaria, e depois segui para a prefeitura. Fiquei esperando que abrisse, e então consegui falar com a pessoa que organizou o treinamento. Relatei o acontecido. Pediram mil desculpas, ficaram constrangidos. Afinal, nunca se hospedaram lá, e não imaginavam que pudesse ser tão precário, tão inadequado. Deveriam ter tido o cuidado de verificar acomodações e ambiente.
A questão agora era: aonde ficaria hospedada? Como não tinha outro hotel, pousada, a única saída era ficar na casa de algum participante do curso.

De imediato, fui para a casa de uma participante, uma senhora muito agradável. Tomei meu banho, troquei de roupa, e segui para o local do treinamento, pois iria arrumar a sala, enfim, preparar para o primeiro dia de treinamento.

Antes do curso iniciar, ficou decidido que eu iria hospedar na fazenda de Ivone e Júlio, que ficava próxima da cidade. Que casal lindo. Fazia alguns poucos anos que se mudaram de SP para Guareí. A fazenda ficava no alto, e a vista era linda. Eles planejaram a casa, tal qual queriam: grande, aconchegante, iluminada. Fiquei muito bem acomodada, quarto com suíte. E eles eram muito agradáveis.  Mas, vamos combinar? Ficar na casa de quem não se conhece, é constrangedor. Quanta generosidade deles receber uma pessoa que não conheciam. Sou eternamente grata. Lembro deles com muito carinho.

O treinamento foi ótimo. Uma turma muito bacana. E, aquele “hotel”, nunca mais!



quarta-feira, 18 de março de 2015



São Miguel Arcanjo – 2002 – http://www.saomiguelarcanjo.sp.gov.br/

"Não é o trabalho, mas o saber trabalhar, que é o segredo do êxito no trabalho. Saber trabalhar quer dizer: não fazer um esforço inútil, persistir no esforço até ao fim, e saber reconstruir uma orientação quando se verificou que ela era, ou se tornou, errada."
 Fernando Pessoa

Tive que dar uma parada nos relatos de minhas viagens. A vida é assim. Quando menos esperamos, ela nos surpreende, nos assusta, bagunça tudo... mas, retoma o seu prumo. E aqui vamos nós, sempre em frente, mais fortalecidos, mais agradecidos.







São Miguel Arcanjo, é uma cidade pequena e  não tem muito o que  fazer por lá.
O município recebeu o nome em virtude de uma capela construída em suas terras para homenagear São Miguel Arcanjo. A Capela é muito bonita, e a imagem de São Miguel Arcanjo, enorme, é maravilhosa.
São Miguel Arcanjo é considerado a capital mundial das uvas finas (2006); hoje em dia a Festa da Uva é comemorada no Recinto de Exposição, durante a safra da uva nos meses de fevereiro e março.
A festa do padroeiro da cidade acontece no dia 29 de setembro, data em que a Igreja Católica celebra o dia do Arcanjo Miguel.

A primeira parte da viagem, digo, estadia em S. M. Arcanjo foi horrível. 
Na ida, foi até legal. Conheci Eni que trabalhava na biblioteca do Sebrae em SP.
Nos conhecemos na rodoviária, viajamos batendo papo, e quando chegamos sua irmã deu carona até o hotel.

Detestei o hotel. Estava lotado de viajantes, e fiquei com o pior quarto: era comprido, estreito, no fim do corredor. Tive a impressão que “sobrou” aquele canto, e resolveram fazer um “quartinho”, para aproveitar. Reclamei, fiquei brava, pois tinha feito reserva com antecedência. Mas, só no dia seguinte disponibilizaram um quarto um pouco melhor.
No entanto, dormi mal. Acordava muito cedo, estou falando por volta das 5h da manhã, pois além do barulho dos motores sendo ligados, pois os viajantes (na sua maioria, caminhoneiros) saíam muito cedo. Do quarto, ouvia barulho de banho, descarga, e outros bem desagradáveis, diga-se de passagem. Não gostei mesmo.

Quanto ao curso: local não muito adequado. O som, um dos participantes emprestou. Cadeiras desconfortáveis. Turma pequena, e alguns fora do perfil, para aquele treinamento. O curso era para empreendedores de pequenas empresas, lideranças locais. A falta de experiência de liderança, dificultou a participação, e o entendimento dos temas abordados. Não questionavam, não davam exemplos. No sábado, conheci e fui jantar na casa (fazenda) de uma participante.  Foi bem legal. Tinha uma turma de amigos dela, que levaram videokê e até cantei (aiaiaiai... que mico). Sou totalmente desafinada. Tinha vergonha de cantar até no banheiro, até que parei de vez.

Tive oportunidade de conhecer um pouco da história da vida daquela participante. Fiquei impressionada com sua coragem, determinação e persistência. Me senti pequena  perto dela.
Com 34 anos, 3 filhos , é um exemplo de pessoa, que não desanima, supera os obstáculos, faz das dificuldades um motivo a mais para lutar e alcançar seus objetivos. Eles plantam uva. E que uvas deliciosas.

O retorno no domingo foi péssimo: peguei um ônibus circular para Itapetininga, que só não entrou mais gente, porque realmente não cabia. Parava de minuto em minuto. Em Itapetininga peguei outro ônibus par SP. Não tinha mais lugar na janela, e durante o caminho todas as janelas permaneceram fechadas. Senti calor demais, demais mesmo. Estava chateada, cansada. Chorei até. Não gostei do trabalho. Não gosto de trabalhar final de semana. Cheguei mal-humorada, não quis muita conversa. Só queria um bom banho e uma boa cama e o aconchego da minha família.

A segunda parte da viagem/estadia para S. M. Arcanjo foi bem melhor.
Fui de carona com uma participante. Ela tem esclerose múltipla, portanto, dificuldade  para andar, pegar coisas (perna direita e mãos comprometidas).
Incrível como ela dirige por todo lado aqui em SP. Tudo bem que o carro é automático, mas mesmo assim eu admiro muito sua coragem. Era medrosa para dirigir, principalmente aqui em SP. Quase não dirigia.
Em S. M.Arcanjo fui para outro hotel. A proprietária, informou quando estive lá da primeira vez, que não precisava fazer reserva, e quase fico sem lugar para dormir, pois estava lotado.  A filha que estava hospedada a passeio, me cedeu o quarto dela. Um pouco melhor que o outro, embora o colchão afundasse quando me deitava, o guarda-roupas tinha um cabide segurando a porta. 
A dona do hotel trocava lençol e fronha todo dia (fiquei lá 3 dias), mas na última noite esqueceu de colocar um lençol para que eu pudesse  me cobrir. A solução foi  me cobrir um pouco com a toalha, e tudo bem, dormi. 

Fui dois dias pós treinamento na fazenda dos pais de Lourdes, que são uns amores. Jantar delicioso. Fogão a lenha, prosa mais do que agradável, muitas histórias.
Fui também na casa do Ernesto/Lauricéia, onde também se encontrava a Rosadélia. Foi muito bom, conhecer um pouco mais deles, de suas vidas.

No interior é assim: como são muito acolhedores, nos convidam para jantar, tomar café. São fofos! E é carinho, que me renova, que faz valer a pena, independemente das dificuldades que enfrento para chegar até eles, para hospedar, alimentar. Esqueço o choro, as noites mal dormidas, o cansaço.

Os seis dias de treinamento correu bem, a integração foi ótima comigo e entre os participantes. No encerramento, fizeram uma roda, fiquei no centro, e de repente eles me pegaram e jogaram pra cima, umas quatro vezes. Nossa, nunca tinha passado por isto. Doidos! Delícia! Gostei!


O retorno foi bem melhor. Fui para Sorocaba e não esperei 20 minutos para pegar outro ônibus para SP. Deu até para cochilar. Enfim, mais uma etapa vencida. Coração sossegado.



domingo, 8 de março de 2015

Local: Diadema - São Paulo – 2002 https://www.youtube.com/watch?v=NZg9PgVnSOI


Foram 6 dias de treinamento, em duas etapas para a mesma turma com 25 participantes. Total de 48h


 “Não podemos ensinar nada às pessoas; só podemos ajudá-los a descobrir o que já está dentro delas.”                                                                           
 Galileu Galilei

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Para preservar as pessoas, os nomes serão fictícios.

Decididamente foi a melhor turma desse programa (também só tinha feito duas até o momento).
Todos muito motivados, participantes. A maioria faz parte de entidades, o que gerou excelentes discussões, processamentos muito ricos.

O local de realização do curso (16km de SP), não poderia ter sido melhor: Valério (meu maridão) me levou e buscou todos os dias (exceto no primeiro dia, que só deu para levar.) A sala era muito boa; grande, arejada e o material para o desenvolvimento das atividades foi mais do que suficiente.

Algumas pessoas se destacaram por suas peculiaridades:

-Paulão: hoje pastor; ontem foi ladrão, drogado e quase se tornava um assassino. É a simpatia em pessoa, gordão, com um sorriso lindo. Sempre dava boas opiniões. O fato de ser gordo não atrapalhava nem um pouco. Na hora do lanche, levantava de um pulo só, e sempre era o primeiro a chegar.

-Berenice: gracinha. Uma líder com personalidade marcante. Fundou uma ONG e trabalha com treinamento também. Gostei dela e espero continuar o contato.

-Marcos: dei a ele o apelido, sem que soubesse, de lulinha. De 10 palavras, 9 era para falar do Lula ou PT. 
Criado em uma instituição, hoje tem uma cooperativa de trabalho. Queria sempre falar e mostrar o quanto sabe, muitas vezes fugindo do tema tratado. Mas, no desenvolvimento do programa, conseguiu se controlar, e ser mais objetivo.

-Luiz: soropositivo (67 anos). É uma pessoa triste, e por diversas vezes se emocionou durante o andamento do programa. Faz um trabalho muito bonito de prevenção à AIDS.  É bem magro em consequência da doença.

-Marina: dona de casa, que estava fazendo uma revolução pessoal interna. Estava se descobrindo e o mundo também. Grande figura.

Para cada um deles eu teria algo de especial a destacar, pois todos eles, grandes pessoas, me ensinaram muito.

Momentos mais marcantes:

*-A histstória do livro: todos se emocionaram muito. Teve depoimentos, histórias que foram fundo ao coração, e deram verdadeiros exemplos de coragem, realização de sonhos, quebra de valores, paradigmas.

Marília, a mais calada de todas, quando foi falar, começou a chorar. Um choro, que parece, saiu da alma, dela. Era como se tivesse sido represado há muito tempo, sufocado.
A turma toda se comoveu. Marcelo, começou a falar de sua história, mas devido a emoção não conseguiu continuar. Foi tão forte aquee momento, tão intenso, que tive uma atitude que até então não tinha tido com turma nenhuma: pedi que todos se levantassem, e ao som da música,  "We are the champions", todos nos abraçamos, em silêncio. No silêncio, na dor de muitos, aquele abraço foi carinho, apoio, compreensão, e palavras foram desnecessárias.
Foi muito bom, e em seguida continuamos os trabalhos com todos mais tranquilos, e até aliviados. Foi um momento catártico, que possibilitou se sentirem mais fortalecidos, quando a partir de lembranças dolorosas, conseguiram também identificar todas as vitórias conquistadas em suas trajetórias de vida.

Essa atividade, em especial, leva os participantes a revivência de situações  na maioria dolorosas, e  requer do facilitador muita sensibilidade, respeito, empatia, autocontrole emocional, para ao se envolver, manter a distância necessária para apoiar emocionalmente os participantes, assegurando um ambiente de aprendizagem, reflexão.

De acordo com Sophie Clarke:
 “O facilitador é uma pessoa que: reconhece os pontos fortes e as habilidades dos membros individuais do grupo e ajuda-os a se sentirem à vontade para compartilharem as suas esperanças, preocupações e ideias. Apóia o grupo, valoriza a diversidade e leva em consideração as diferentes necessidades e interesses dos membros do grupo.
Um bom facilitador possui certas características pessoais que incentivam os membros do grupo a participarem; entre elas, a humildade, a generosidade e a paciência, combinadas com a compreensão, a aceitação e o incentivo”.

-Sessão de feedback: foi muito emocionante. Alguns ficaram muito gratos, se abraçaram, e mais emoção!!!

-No último dia: recebi um buquê de flores lindo, maravilhoso. Não tinha recebido um tão grande, acompanhado de 3 cartões lindos. A Mônica também me deu uma toalha de mão com meu nome bordado, uma cestinha de madeira com conchinhas. Coisa linda, um mimo, carinho para nunca esquecer.

As avaliações foram ótimas.

No fim, é tudo isso que compensa: o reconhecimento das pessoas, saber que de alguma forma foi bom para elas, que valeu a pena.

*A história do livro é uma atividade que leva as pessoas a refletirem sobre sua vida: momento passado, atual e o que gostariam ainda de fazer. Escrevem mesmo “um livro” , com título, dedicatória, prefácio,em até 60 minutos. Momento muito emocionante, de grandes aprendizados.

**Atividade de feedback: em círculo, cada pessoa escolhe uma para dar um feedback positivo e um ponto a melhorar. É também de grande emoção esse momento.

quarta-feira, 4 de março de 2015



Um pequeno texto para reflexão.

DECISÕES E SOLUÇÕES DE PROBLEMAS

A solução de um problema começa com uma decisão, que é a atividade mais crucial que uma organização executa. Tomar decisões e solucionar problemas faz parte do dia a dia das organizações, e das pessoas, e não é uma tarefa fácil e simples.  Uma decisão pode fazer uma empresa avançar, como também retroceder ou até mesmo se extinguir. O preço a se pagar por uma má decisão pode ser muito alto, e algumas escolhas são irreversíveis.
Nem sempre as decisões são tomadas para resolver problemas. Algumas fazem parte da rotina e outras são tomadas para aproveitar oportunidades. Entretanto, muitas decisões são tomadas para resolver problemas complexos que causam impacto no presente e consequências futuras, positivas ou negativas, o que requer um processo  criterioso de análise.
São vários os fatores relevantes que devem ser considerados para minimizar erros e encontrar soluções com qualidade para atingir o objetivo almejado. Mapeamento dos Stakeholders, grau de riscos e incertezas, probabilidades e impacto, muitas vezes, sequer são considerados,  ou então o são de forma superficial.
Frequentemente, o processo de decisões já tem seu início comprometido, pois ataca-se os sintomas, o que cria uma falsa ilusão de avanço para a solução, gerando grande perda de energia, tempo, recursos e perda de oportunidades.
Tomar decisões e solucionar problemas é um processo, e os seguintes passos precisam ser considerados para que o alcance de soluções inteligentes:

         Identificação do real problema
          Levantamento dos fatos
          Diagnóstico do problema
          Busca e análise de alternativas
          Escolha da alternativa – decisão
          Plano de ação – Implementação
          Monitoramento e avaliação dos resultados


Organizações e pessoas podem e devem aprender a cada processo de tomada de decisão, para que possam tomar decisões mais inteligentes, resolver seus problemas de forma inovadora e criativa, para que resultados extraordinários sejam alcançados.

Meire Souza.

terça-feira, 3 de março de 2015







"A alegria que se tem em pensar e aprender faz-nos pensar e aprender ainda mais."
Aristóteles




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Uma das vantagens de viajar de ônibus é quando a pessoa que se senta ao nosso lado é bacana. Uma das desvantagens é exatamente o contrário: quando a pessoa que se senta ao nosso lado é desagradável, ronca, baba, tosse, suspira, come salgadinho ou chupa bala o trajeto todo, puxa conversa quando tudo que queremos é ficar invisível.

Sempre aproveito o tempo das viagens para ler, estudar mais um pouco, dormir, ficar pensando na vida, sentir saudades, apreciar a paisagem (já vi cada pôr de sol, cada lua...) e quando dou sorte de ter uma boa companhia, conversar o caminho inteirinho e nem ver o tempo passar. Delícia!

E foi assim que ocorreu com a viagem para Santa Cruz do Rio Pardo. Conheci Aldine, uma pessoa muito interessante. Conversamos bastante durante a viagem. Ela mora em SP, mas é de SCRP,  e estava indo visitar os pais que moram  lá. Foi super bacana  conhecê-la um pouco e trocarmos ideias. Contei o motivo de minha viagem, e conversa vai, conversa vem, ela me convidou para ir para a casa dela após o treinamento. Aceitei de bom grado, pois o treinamento terminava às 17:00h e eu teria que esperar até às 00:30h para pegar o ônibus e retornar par São Paulo. Os paulistas, que são todos aqueles que nasceram e moram no interior, são muito acolhedores. Lembram o meu povo mineiro. Portas e coração aberto, com um sorrisão no rosto.

Chegando em SCRP, a mãe de Aldine a aguardava na rodoviária, e gentilmente me deu uma carona até o hotel.

O hotel,  San Juan, era simples, mas confortável. Faço questão que toalhas e roupas de cama sejam brancas. Faço questão, mas nem sempre foi assim.

O trabalho com o grupo foi muito bom.  Participativos, alegres, deram grandes contribuições no processamento das atividades. Aprendemos e nos divertimos. 

Sempre, mas sempre mesmo, após todo e qualquer treinamento, faço uma reflexão sobre o que poderia melhorar, o que preciso melhorar nas minhas atitudes , ou até preciso buscar mais informações, qual dinâmica foi um sucesso, qual não foi tão boa assim. E assim sigo aprendendo. 

Precisamos investir continuamente no desenvolvimento de nossos conhecimentos, habilidades e atitudes. Nossa responsabilidade com cada uma das pessoas, que investem seu tempo e seu dinheiro para nos ouvir, é muito grande. 

O treinamento foi na antiga Delegacia de Ensino, onde funcionou a 1ª escola da cidade (1937). Antigamente era dividida: de um lado meninas, do outro os meninos.
Inclusive tem escrito do lado de fora, no alto do prédio: (MENINOS/MENINAS). Dentro tem um pequeno museu muito interessante: carteiras, palmatória, retroprojetor, slides, máquina de datilografar, fotos, cadernos de alguns alunos.
Chamou-me a atenção um caderno de trabalhos manuais de uma aluna: crochê, tapetes, roupas de bebê, pontos de cruz, tudo em miniatura e muito bem feito, com muito capricho.
Mostra como a mulher era criada para aprende habilidades  domésticas, para casar, tomar conta dos filhos.

O grupo me surpreendeu com duas lindas homenagens:

-na atividade Construção da Máquina Humana, fizeram uma máquina de datilografia. Uma pessoa fazia de conta que estava datilografando, apontava um colega que levantava uma letra. Ao final formaram a frase: MINAS - MEIRE.

-na dinâmica do Jogo da Velha, o grito de guerra de uma das equipes era: UAI.
Foi muito legal. Fiquei emocionada e considerei estas duas atitudes como uma homenagem. E não era? Era sim.


Após o treinamento, Aldine estava me esperando. Fomos para sua casa (muito bonita, com piscina). Lá lanchei, conheci o seu pai que estava doente, tomei banho e descansei um pouco. Um luxo! Fiquei encantada com o acolhimento que me deram. Uma pessoa estranha, e no entanto, me receberam com tanto desprendimento e atenção.  Realmente as pessoas do interior são muito diferentes. Muito hospitaleiros, carinhosos.

Depois fui com aldine para um sítio e conheci outras pessoas maravilhosas: Graça, Sr. Antonio, Silmara, Rosinha e outros. Foi muito bom. Como estava muito quente, alguns estavam tomando de piscina. Tomamos cerveja, comi testículo de boi (nem tão bom, mas não tão ruim. Nunca pensei que faria isso) e fizeram um arroz delicioso, misturado com três tipos de carne, repolho e batata doce. É um tipo de cozido português.
Foi super bom; “bom demais da conta”. Dá vontade de voltar. Cheguei na rodoviária para voltar em cima da hora, por pouco perco o ônibus. Na verdade, fui a última a entrar no ônibus, e claro, só acordei em SP.
Mantive contato com Aldine por um tempo, em SP. Ela conheceu minha família.
Mas, infelizmente, os caminhos da vida e seus desvios nos fizeram perder o contato.
De fato foi tudo muito, muito bom. Saudades da Aldine.



segunda-feira, 2 de março de 2015




 Módulo: Decisões Eficazes

"A vida é a arte das escolhas, dos sonhos, dos desafios e das ações."
J.A. Wanderley





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Quando vou ministrar treinamentos, não conheço as pessoas, delas, quase nada sei. Na verdade, as informações que temos, são poucas, muito poucas; às vezes apenas o número de participantes, o grau de escolaridade, ou ocupação principal. Portanto, sempre é uma surpresa. Vou cheia de expectativas para encontrar aquelas pessoas. Quem serão eles? Como me receberão? Quais serão as suas expectativas? Estas pessoas, ainda sem rosto, sem nome, tornam-se importantes para mim a partir do momento que começo a preparar o treinamento.
Mas, o mais importante é ter a certeza que independentemente de quem sejam, estarei com eles para fazer o melhor possível de forma que as suas expectativas sejam atendidas, e quem sabe, superadas.

Sempre que possível, gosto de chegar nas cidades durante o dia. Por algumas razões: para ter tempo de descansar, conhecer um pouco da cidade, no pouco tempo que tenho. E, se imprevistos ocorrerem, tenho tempo para lidar com eles. Portanto, vou um dia antes.

No caso de Holambra, que já conhecia, e o treinamento iniciava às 14h, fui no mesmo dia, e cheguei lá por volta das 12h.
Holambra é uma cidade muito bonita, limpa, florida. Domina o cultivo de flores, muitos holandeses. Casas lindas, com jardins muito bem cuidados.

Tinha feito reserva no Hotel Shelter, mas resolvi ir para outro hotel, achando que seria melhor.

Passei em frente ao Shelter e segui morro abaixo, rumo ao outro hotel. Aquele dia estava quente, puxa vida! Que sol, que calor danado! Arrastando uma mala pesada, cheio de material para o treinamento, a sensação de calor ficava mais intensa.
Chegando lá, constatei que o hotel era mais adequado para casal, família. Eram chalés charmosos, espalhados pelo terreno, tinha um lago que precisava ser atravessado com barco. Muito lindinho, romântico, mas atravessar o lago, sozinha, mesmo sendo um curto trajeto, nem pensar.
E lá fui eu para o hotel Shelter, morro acima, arrastando a mala (que na subida ficou mais pesada), transpirando feito uma danada, debaixo daquele sol escaldante.

O Hotel Shelter, era bem simples, mas limpo.  Como o curso terminava às 22h, tinha que levar a chave, pois a proprietária ia para sua casa. Coisa de cidade pequena. Coisa boa! Mas, ao mesmo tempo, e se precisasse de alguma coisa? E, claro, não tinha nenhum tipo de refeição. Só café da manhã. Mas, era assim. E, assim foi. Sem problemas. Fiquei lá duas noites.

Foi o tempo de tomar um banho e ir correndo para o local do treinamento.
A turma me acolheu com muito carinho e o treinamento, cujo tema era sobre o processo de tomada de decisões, transcorreu de forma tranquila, descontraída.

Como sempre, algumas pessoas marcam mais do que outras.

Sr. Jair: mais ou menos 65 anos. Uma gracinha. Olhava para mim com carinho, jeito de menino deslumbrado com a professora.
Maria do Carmo/Marcelo – casados. Saí com eles para uma cerveja após o término do treinamento. Conheci um pouco da história deles. Têm 3 filhos, sendo que um deles é especial. Ela, extremamente batalhadora, decidida, positiva. Começou vendendo flores de porta em porta. Abriu uma pequena loja, ampliou vendendo souvenires, cortinas holandesas. Ampliou o negócio, e abriu um restaurante. (lindo! No decorrer da conversa, descobri que estávamos no restaurante deles.)  Eu tinha feito muitos elogios, sem saber desse fato. Ainda bem. Já pensou se tivesse falado mal? Mas, realmente só tinha elogios. Tudo era ótimo: o local decorado com extremo bom gosto, o atendimento, a comida, e aquelas duas pessoas maravilhosas, exemplos a serem seguidos, e minha vontade era ter bem mais tempo para conversar mais, conhecer mais. A história deles me emocionou muito.

As avaliações foram ótimas e foi tranquilo trabalhar com eles.

Na maioria das vezes, sempre quando termina o treinamento, seja de um, dois, seis, ou cinco dias, fico emocionada. Sinto que deixei algo de bom para aquelas pessoas, que dei uma contribuição, por menor que seja, para a vida daquelas pessoas. E elas nem imaginam o quanto aprendo com cada uma delas. Então, esqueço o cansaço, as dificuldades, e cada vez mais, tenho a convicção de que é disso que gosto: estar com pessoas, ir até elas, com medo, ansiedade e alegria, inseguranças e certezas, e aprender, conhecer mais de mim, deles, e constatar, que POSSO!!!


Sim. Vale a pena.