domingo, 8 de novembro de 2015


SANDOVALINA/ SP 2013 - http://www.sandovalina.sp.gov.br/


“De que são feitos os dias? 
- De pequenos desejos, 
vagarosas saudades, 
silenciosas lembranças. 

Meireles, Cecília






Foi a primeira cidade de uma viagem que duraria 18 dias. Nunca fiquei tantos dias fora de casa. Foi extremamente cansativo. Fui ministrar o programa Liderar, do Sebrae. Eram três turmas, cada uma em uma cidade: Sandovalina, Rosana Primavera e Mirante do Paranapanema. Este programa era desenvolvido em duas etapas de três dias.
E foi assim: ministrava três dias em uma cidade e de madrugada saía para a outra cidade e retornava para finalizar.

A primeira cidade dessa jornada, foi Sandovalina.

Mas, antes não posso deixar de contar sobre a viagem até Sandovalina. Fui de ônibus, com uma mala enorme, pois além de roupas, levava materiais diversos para desenvolvimento das dinâmicas. Uma viagem de 8h. Eu iria descer em Presidente Prudente e pegaria outro ônibus para Sandovalina. O tempo era justo: teria 15 minutos após descer em Presidente Prudente para pegar o último (e único) ônibus para Sandovalina. Em uma das paradas do ônibus, resolvi perguntar ao motorista quanto tempo ainda faltava para chegar em Presidente Prudente e quase tive um infarto quando ele disse, pois chegaríamos uns 30 minutos após o horário de saída do outro ônibus. Falei com ele do meu desespero, pois se perdesse o ônibus, teria que dormir em Presidente Prudente e chegaria atrasada para o curso no dia seguinte. Deus iluminou o bom motorista e eu cheguei faltando 10 minutos para pegar o outro ônibus. Nunca vou me esquecer: sai literalmente correndo, com aquela mala enorme, para o local do ponto do ônibus. Nem o peso da mala eu senti. Vi o ônibus parado, as pessoas entrando e comecei a acenar feito uma louca e ... deu tempo. Era um ônibus circular, não tinha porta-malas, pedi ao primeiro homem que vi lá dentro que pegasse minha mala pela porta de trás e entrei toda esbaforida pela porta da frente. Ufa!!! Consegui!
Acomodei-me em um dos poucos bancos vazios e dei a “sorte” de ter um bêbado bem na cadeira da frente, que foi cantando alegremente o caminho todo. Imagine um bêbado cantando e ainda por cima, a letra da música era uma cantada. Ele cantava e olhava para mim. A viagem que era de uma hora, durou umas quatro horas para mim. Ainda bem que ele desceu antes de mim quando chegamos na cidade.
Sandovalina é uma  cidade pequena (menos de 4.000 habitantes, segundo dados IBGE), tão pequena que tive que me hospedar na casa de uma participante. De novo!! Coisa chata, por mais agradável que fosse a pessoa que gentilmente cedia a hospedagem. Era uma senhora que morava sozinha. Eu jantava em um barzinho próximo e comprava alguma coisa para o café da manhã.

Em Sandovalina não tinha o que fazer. Ficava um pouco na varanda da casa, esperando o calor diminuir um pouco, tomava um banho e entrava para o quarto quente. A janela não podia ficar aberta por causa da quantidade de pernilongos. Tinha um ventilador de pé, velho, que pouco ajudava, e o barulho dele era pior que o calor depois de um certo tempo ligado. Foi nada fácil.
A turma (23 pessoas), maioria de mulheres, era muito afetiva, acolhedora. Tinham participantes de assentamentos. Naquela época ocorriam muitas invasões de terras naquela região. Tive a oportunidade de ir em um dos assentamentos. Fui convidada para jantar na casa de umas participantes. Quantas história, lutas. Claro, era uma morada simples. No pequeno terreno que lhes coube, plantavam mamão. Enquanto a carne cozinhava em uma velha panela de pressão, eu escutava as histórias daquela família. Escutar sobre invasão ocupação, ver notícias na TV, é uma coisa. Outra é ir ao local, conhecer pessoas e escutar o que elas têm para contar. Muda tudo.
Primeiro, os sem-terra invadem, ocupam terras e montam acampamentos. Vi, por mais de uma vez, indo para aquelas bandas, grandes acampamentos ao longo das estradas. Barracas precárias de lona preta, bandeiras (símbolo do movimento) em cada uma delas; famílias inteiras, ali passavam dias, esperando  a desapropriação da terra e sua  transformação em assentamento para cada um receber o pedaço de terra que lhe couber. A ocupação é de certo modo um símbolo da força que tem o movimento sem-terra para chamar a atenção para a necessidade da reforma agrária. Mas, não é minha intenção estender o assunto.

Tive também a oportunidade de conviver com participantes dos dois lados: o “invasor” e o “invadido”. Uma das participantes era filha de um fazendeiro local e estava apreensiva, pois havia rumores de que a fazenda seria invadida. Ela me contou que mesmo que não consigam a desapropriação da terra, os estragos, o prejuízo era muito grande. Os sem-terra derrubavam cercas, matavam gado, cortavam árvores.
Também contaram, que muitas pessoas que participam do movimento ficam acampados, não por que estão lutando por um pedaço de terra para si próprio, mas para alguém, que o pagou e que mais tarde “compra” a terra e vende com lucro. Negócios escusos, existe em todo e qualquer lugar. Pessoas desonestas que desvirtuam objetivos que poderiam ser legais, por falta de organização e administração do estado.
Foram muitos os aprendizados que aquelas pessoas me proporcionaram. Sou grata. Ás vezes, somos muito rápidos para tirar conclusões, julgar, assumir uma ou outra posição, sem sabermos quase nada, ou nada mesmo.

Voltemos ao grupo. Foi um grupo tranquilo para trabalhar, correu tudo bem. Senti que as pessoas tinham medo de se colocar, trocar experiências. Por se ruma cidade muito pequena, todos se conhecem e talvez por isto não se sentiam à vontade para falar de suas experiências. No grupo tinha a Maria, meu Deus, que mulher, que coragem, que determinação. Era uma das “assentadas”. Sua vida é de muita luta, não só por ela, mas para dar condições melhores de vida para a família. Contou que tinha 05 filhos, sendo 03 mulheres e todas são prostitutas. Sente-se culpada, embora tenha procurado ensinar o melhor. Ainda conversava com elas, tentando mostrar que esse não era o melhor caminho. Cuidava de duas netas. Já participou de vários movimentos e invasão de terra, lutas entre sem-terra/fazendeiros/policiais, com muitos tiros. Tinha também uma outra participante, a Sandra. Ela era triste. O marido bebia muito, administrava uma fazenda, e eles se viam aos finais de semana. Já quis se separar, mas desistiu, pois o ama. Tem problemas com a filha que é obesa e ambas sofrem por isto. Quantas histórias de vida, sofrimentos, alegrias... Em uma das noites fui ao aniversário da sobrinha de uma das participantes. Nas minhas andanças fui em várias festas. Convidou, eu vou. É bom. Conhecer mais pessoas, costumes, comidas diferentes e também ajuda o tempo a passar. Gosto muito.

O último dia de treinamento com esta turma, foi de muita emoção. O lanche da tarde foi transferido para o final, como uma confraternização de encerramento. Quando chegamos no local tinha o cartaz (foto abaixo) afixado na parede.



Chamaram um rapaz que tocava violão e cantaram uma música linda sobre amizade:
“Cativar”
Uma palavra bonita jamais esquecida me vem despertar
Contando sete letrinhas e todas juntinhas se lê cativar
Cativar é amor, é também partilhar um pouquinho do saber à quem deseja crescer
No deserto tão só, entre homens também cativou, disse alguém, laços fortes criou

Chorei. Como não chorar?
Ganhei vários outros presentes: toalha de banho bordada, avental, panos de prato, imãs de geladeira, etc. Estar com eles foi o maior presente.

Sai de lá com o coração apertado. Mais uma turma para lembrar com carinho, com saudades. Pessoas que talvez não veria nunca mais. Até o dia de hoje, nunca mais vi, mas não esqueci e jamais esquecerei.

Próximo destino: Rosana (Primavera)


segunda-feira, 19 de outubro de 2015






Cidade pequena, charmosa com praças grandes e arborizadas. Bucólica.
Lembra minha cidade natal: Cordisburgo.  Quanta criança eu vi por lá!
Esta foi a menor turma que tive de treinamento: cinco participantes e duas que foram como “substitutas”, como se pudesse ocorrer isto. Mas pôde, pois não tinha como trabalhar com apenas cinco pessoas. Até a Márcia (representante da empresa contratante) participou. E não é que o treinamento foi legal? Faltou energia, tivemos que acender velas e  ficou bem intimista, um ambiente agradável. Naquele época usávamos o velho retroprojetor e transparências. Nossa, quanta coisa mudou em uma velocidade assustadora. Lembro que chegava em algumas cidades, com pouco recurso e era preciso pedir emprestado o retroprojetor da escola, da prefeitura. E às vezes, ele era tão velho que não podia ficar ligado muito tempo seguido, pois esquentava demais. Que coisa!
Em uma situação dessas, que falta energia e sem o apoio das transparências, se não temos o total domínio do conteúdo a situação se complica e muito. Realmente, nós, facilitadores, coordenadores, seja lá o nome que se dê, temos que estar preparados para lidar com todo tipo de imprevisto.
E a luz de velas concluímos o treinamento. Foi muito diferente, muito mesmo.
Uma das participantes era esposa do Prefeito e olha só: em um certo momento Márcia (representante da empresa contratada) a chamou na minha frente e disse que eu iria dormir na casa dela. Coitada, nem teve chance de dizer não. E eu fiquei muito sem graça. Que chato, mas tinha que dormir em algum lugar e lá não tinha hotel. Dormir em casa de participante não era novidade. Às vezes a cidade é tão pequena que não tem pousada, hotel. E lá fui com o prefeito e a primeira dama. Eles, muito educados, foram bem agradáveis e eu fiz o possível para ser também.

A fazenda deles, bem próxima da cidade, era uma graça. Muito grande e bem cuidada. Uma grande varanda, jardins, pés de frutas...
Estávamos cansados, já era tarde, comemos alguma coisa rápida e cama. Dormi profundamente.

Outras comidas que experimentei nestas andanças pelo Piauí: creme de galinha, suco de açaí, de pupuaçu e sorvete de jaca e mangaba (que delícia!).
Próxima etapa: Teresina, última turma de treinamento desta viagem.

Já cansada, morrendo de vontade de voltar para casa, meu marido, meus filhos. Sinto tristeza. Gosto do que faço, quando estou em sala esqueço de tudo. Mas não é fácil: deixar a família, às vezes viajar horas e horas, dormir em locais nem sempre muito bons, às vezes ruins por demais... enfim...faz parte. No final, quando vemos as avaliações, o que escrevem, faz valer a pena, sentimento de missão cumprida e muito bem cumprida.

terça-feira, 6 de outubro de 2015



SANTOS/SP – IDEAL http://www.santos.sp.gov.br/

Se me obrigassem a dizer porque o amava, sinto que a minha única resposta seria: “Porque era ele porque era eu”.
Montaigne, Michel de





Santos é um município portuário sede da Região Metropolitana da Baixada Santista, localizado no litoral do estado de São Paulo, no Brasil. Com a maior participação econômica da citada região, abriga o maior porto da América Latina,[7] o principal responsável pela dinâmica econômica da cidade ao lado do turismo, da pesca e do comércio , ocupando a 5ª colocação entre as não capitais mais importantes para a economia brasileira.[9] A cidade é sede do poder executivo paulista todo dia 13 de junho (capital simbólica de São Paulo) e também é sede de diversas instituições de ensino superior. Wikipédia

Fui para Santos bem cedo com Valério. Santos fica muito próxima de SP. Quando não é feriado, férias, chega-se lá em 50 minutos. Gosto da estrada cheia de curvas. Lembra a música de Roberto Carlos: “eu prefiro as curvas da estrada de Santos...).
Uma bela paisagem que nos brinda com muito verde de variadas tonalidades. É possível ver também “o rastro” de algumas cachoeiras montanha abaixo. Gosto mesmo.
Estava um pouco ansiosa, porque iria repetir o treinamento. Não gostaram da facilitadora e solicitaram que fosse repetido. Ou seja: eu teria que desenvolver o mesmo conteúdo, de forma diferente e atender as expectativas que com certeza seriam maiores. Vez ou outra isto pode acontecer. O grupo não tem empatia com o profissional e vice-versa. Que não seja comigo. Graças a Deus isto nunca aconteceu comigo.

Correu tudo bem, o módulo foi gostoso e minha avaliação foi excelente. E o gostoso também foi que mais uma vez Valério me esperou. Ele aproveitou para ir à praia e quando se cansou adormeceu no carro. Grande companheiro, amigo amado. Sempre que foi possível ele me acompanhou.


Depois que terminou o treinamento, tomamos um Chopp à beira mar e então, como sempre, compartilhei com ele como foi o treinamento, situações que foram interessantes, pessoas interessantes. Foi muito, muito bom!!!!

segunda-feira, 5 de outubro de 2015



PEDALANDO PELAS RUAS DA VILA MADALENA – SP







Eu amo São Paulo. Eu adoro conhecer os encantos de São Paulo.
Dia desses disse para uma pessoa que embora viva em São Paulo há 22 anos, me sinto como se ainda fosse uma turista. Uma turista, que veio para passar uns dias e quer conhecer de tudo um pouco que a cidade oferece. Ela ficou espantada e disse que não sou mais uma turista, já sou uma verdadeira paulistana.  É verdade: me sinto paulistana de coração, mas também sou uma eterna turista – de espírito. Conheço mais de São Paulo do que muitos que aqui nasceram. A cidade é muito, muito grande e muitos paulistanos ficam restritos ao seu bairro. Quando muitos saem para trabalhar, mas aos finais de semana é nele que ficam. Afinal de contas durante a semana enfrentam trânsito intenso e resta apenas um ou dois dias para o merecido descanso. Eu não. Descanso, renovo minhas energias, jogo fora o estresse, conhecendo lugares, coisas, pessoas. Pode ser uma praça, um parque, uma estação nova de metrô, um café em um local inusitado, uma igreja, um prédio, um teatro, um cinema, uma rua, enfim... muitos são os lugares.
A Avenida Paulista é um lugar de muitas descobertas. Adoro percorrer toda a sua extensão, sem pressa, e faço isto como se fosse pela primeira vez. E todas, todas as vezes, vejo alguma coisa diferente que não tinha percebido da última vez. Linda avenida. Linda.
Desta vez, fui lá para as bandas da Vila Madalena, birro considerado o mais charmoso, badalado e agitado de SP.

“Vila Madalena (originalmente Vila dos Farrapos) é um bairro nobre da cidade de São Paulo situado no distrito de Pinheiros. Este bairro é bastante conhecido por ser um reduto boêmio da cidade de São Paulo, desde o início dos anos 70, quando estudantes com pouco dinheiro passaram a morar por lá, por causa da proximidade à Universidade de São Paulo e a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Lá há grande concentração de bares e casas noturnas, além da escola de samba Pérola Negra. O nome do bairro também serviu de título a uma novela da Rede Globo, na década de 1990. Por causa de sua fama de bairro jovem e boêmio e por estar próximo ao metrô, diversos Albergues (hostels) se instalaram na região.
Hoje, o bairro abriga uma concentração ímpar de ateliês e centros de exposições artísticas. Lojas de vanguarda e escolas de música e teatro também fazem a cara do lugar.
A associação de moradores organiza feiras para mostrar os talentos artísticos do bairro e um festival anual - a famosa "Feira da Vila" - que atrai gente de toda a cidade, com shows e barracas de artesanato. Uma vez por mês, as lojas e ateliês fazem um fim-de-semana com todos os produtos na calçada e uma van que leva gratuitamente os visitantes para conhecer os pontos mais interessantes do bairro.
Nos últimos anos, o bairro tem concentrado um grande número de festas populares, como carnaval de rua e reuniões para assistir aos jogos da Copa do Mundo de 2014. Esses eventos têm levado uma grande quantidade de pessoas para as ruas do bairro, sendo que muitas vezes as comemorações se estendiam até a madrugada, causando atrito com moradores e comerciantes locais.” Wikipédia.

É um bairro delicioso, com muitos atrativos. Eu e Marina fomos fazer o passeio de bicicleta elétrica. Nunca pensei que teria coragem de andar de bicicleta nesta cidade, pois tinha medo (ainda tenho). Este trajeto não conta com pista para ciclistas. Mas, como é aos domingos, o trânsito é mais tranquilo. O biketour é um passeio de bicicleta que dura em torno de 60 minutos e dois jovens acompanham para contar um pouco da história da Vila Madalena. As bicicletas são elétricas porque tem muitas subidas, embora o percurso não seja demasiadamente longo.
É formado por um grupo de até 10 pessoas que vai pedalando acompanhado por dois monitores e cada pessoa recebe 01 kit higiene composto de:

01 bicicleta (retornável)
01 receptor de áudio (retornável)
01 fone de ouvido (retornável)
01 capacete (retornável)
01 colete de identificação (retornável)
01 touca para usar embaixo do capacete (não retornável)

O custo disto tudo: 2 kg de alimentos não perecível que é doado às instituições de caridade. Não tem nenhum apoio da prefeitura municipal.

Durante o trajeto ocorrem algumas pardas e um dos monitores conta curiosidades da Vila e um pouco de sua história.

Fomos acompanhados por Caique e Maria, bem jovens e super agradáveis. Naquele dia, talvez por causa do horário, erámos só eu e Marina e tivemos atenção total.

Passamos por importantes edifícios, monumentos, ruas e obras de arte. Uma das marcas da Vila Madalena são os maravilhosos grafites nos muros de ruelas, becos. Um deles é fantástico: o beco do Batman. Outro fato interessante é que os grafites mudam de tempos em tempos. Bacana mesmo.


Foi um passeio muito agradável. Com certeza farei as outras rotas: centro histórico, Av. Paulista, Parque Ibirapuera e o passeio noturno. Brevemente.

segunda-feira, 14 de setembro de 2015




Picos /PI – 2011

“Tudo tem o seu tempo, o momento oportun, para todo o propósito debaixo do sol.”
Eclesiastes 3,1





Picos é um município brasileiro do estado do Piauí. Conhecida como Cidade Modelo e Capital do Mel. Cidade jovem, tem como principal característica social a mistura étnica pois sua população é formada por indivíduos das mais diversas partes do país. Wikipédia

Fui para Picos no carro da contratante e o motorista Fernando era uma graça de pessoa. Ele ficou responsável por me levar às cidades onde seriam realizados os treinamentos (ao todo eram cinco). Pessoa educada, prestativa, contribuiu para que os dias fossem melhores. Não é nada fácil ficar viajando de uma cidade para outra e ficar tantos dias longe da família. E sem falar no calor. Êta estado quente!

Turma com trinta participantes, sala pequena. Mas foi super legal. Normalmente as turmas do Piauí são boas, bom nível e os participantes são muito comprometidos, o que faz com que as horas de treinamento passem muito rápido.
Um dos participantes tinha uma loja que vendia produtos a base de mel. Ganhei uma cesta com vários produtos, muito mel. Delícia! Uma cesta linda e saborosa.
À noite fui com Fernando comer carne de Bode com mandioca e gostei muito.
Fernando me contou que se você chegar no bar e disser que come só carne de carneiro, o garçom diz que só nome do restaurante é “Bode assado” e que lá só tem carneiro. Se disser que só come bode, ele diz que está no local certo. No fim das contas, não sei se comi bode ou carneiro. Mas o que importa é que gostei.

Como o treinamento começava à tarde, o lanche foi jantar: galinha a cabidela, muito bom também. Em Minas, nós conhecemso como Frango ao molho pardo e é um prato bem tradicional. Minha mãe fazia e muito bem.

Galinha de cabidela é um prato tradicional do Norte de Portugal, também conhecido no Sudeste e Sul do Brasil como Frango ao Molho Pardo, no Nordeste é conhecido também como Galinha Cabidela. É um guisado de frango onde se adiciona durante o cozimento o sangue avinagrado do animal colhido no abate.
No Nordeste é costume vir acompanhada de arroz branco; já no centro-sul é guarnecido de angu e couve refogada.
Cozinhar com sangue é um costume antigo de vários povos; em Portugal a cabidela tem registros desde o século XVI, e igualmente pode ser preparada com outras aves ou animais (pato, peru, porco, cabrito ou caça). Wikipédia

O hotel em Picos não era lá grandes coisas. Aliás, pequena coisa: quarto muito pequeno e conforto quase nenhum. Fazer o quê? Dormir, ora. O cansaço ajuda.

Dia seguinte a próxima cidade era Ipiranga.

terça-feira, 8 de setembro de 2015




OEIRAS – PI – 2001 – http://oeiras.pi.gov.br/

“Pessoas com metas triunfam porque saben para onde vão. É tão simples como isso. ”
Nightingale, Earl
  






 
Momento em sala: Dinâmica da escola de samba e do jantar.

Oeiras é uma cidade bem pequena. O treinamento começou às 14h e foi até às 22h.
Turma bem agitada. Deu trabalho. Muito barulhentos. Mas foi bom. O tema motivação gerou muita polêmica. Alguns não aceitaram o de que motivação é intrínseca à pessoa e que conceitualmente ninguém motiva ninguém. Podemos estimular, influenciar, mas a pessoa só muda se ela quiser.

Há muita literatura escrita por psicólogos, administradores, pedagogos, sociólogos, sobre a motivação buscando o entendimento do comportamento humano.
Teorias, tais como: Teoria Comportamentalista, que tem como alicerce a relação estímulo-resposta ; Teoria das Necessidades de Maslow, ou Pirâmide de Maslow, que apresenta as necessidades humanas de forma hierarquizada e afirma que o ser humano busca atendê-las de forma sequencial (necessidades fisiológicas, de segurança, sociais, de autoestima e de autorrealização); Teoria das Expectativas, que descreve a concretização de uma ação como uma decisão pessoal, baseada nas recompensas esperadas e no esforço estimado para sua realização; e  Teoria Higiene-Motivação de Herzberg, buscam explicar as motivações do ser humano.

A discussão sobre o tema foi fervorosa e cheia de exemplos de pessoas que foram motivadas, por exemplo, a parar de fumar, beber, voltar a estudar.
Na verdade, penso que o que as pessoas não querem é que lhes seja tirado o “mérito”, o orgulho de ter motivado alguém a fazer ou deixar de fazer alguma coisa; a importância que se tem na vida da pessoa que mudou por amor, amizade etc.
Afinal de contas, concordar que ninguém motiva ninguém é diminuir o poder de controle do outro, de significância em sua vida. Penso eu.

Foi uma bela discussão, mas no fim das contas cheguei a conclusão que preciso ler mais a respeito, ter mais embasamento para fundamentação dos conceitos. Adoro quando isto acontece, pois me sinto instigada a buscar mais conhecimento, lendo artigos, livros, discutindo com pessoas que sabem mais do que eu.
E no final das contas o mais importante é saber: o que me motiva? O que me faz acordar e levantar da cama com ânimo, bom humor, cheia de energia?
Será que a maioria das pessoas tem claro o que as motiva? Receio que não.
Comprovei que não fazendo essa pergunta para os participantes dos treinamentos.

Falar em motivação, é falar em sonhos, objetivos, metas, faça sol, faça chuva.
Quando perguntava um a um o que o motivava, o silêncio se instalava, e às vezes, percebia até uma certa angústia na pessoa. Alguns nunca sequer pararam para pensar sobre o assunto, sobre si próprios. Enfim, viviam (ou vivem) sua vida, pegando carona, ajudando outros a realizarem seus sonhos. Será esta a motivação delas?
Valeu. Agradeço ao grupo a oportunidade da reflexão, das trocas e estímulo para buscar mais conhecimento.

Quando o treinamento começa às 14h, por volta das 19h, paramos para jantar. É, verdade. Jantar mesmo.
O nosso jantar teve como prato principal o arroz com pequenos pedaços de carne de sol, chamado de Maria Isabel. Foi interessante: sentamos nas escadarias da igreja, cada um com seu prato no colo, e ali fizemos a refeição. Estava uma noite quente, com uma bela lua. Foi um momento muito gostoso em todos os sentidos: a comida, as conversas, o lugar.

O arroz Maria Isabel é uma variação do arroz carreteiro.

O arroz de carreteiro, ou simplesmente carreteiro, é um prato típico da Região sul do Brasil (embora, atualmente, já esteja incorporado à cozinha brasileira, sendo comum saboreá-lo em todo o país). É feito de arroz ao qual se adiciona carne-seca ou carne de sol desfiada ou picada, às vezes paio e linguiça em pedaços, refogados em bastante gordura, com alho, cebola, tomate e cheiro-verde.[2] Nas regiões Centro-Oeste e Nordeste do Brasil, é também conhecido como maria-isabel, e preparado com carne de sol. https://pt.wikipedia.org/wiki/Arroz_carreteiro

Fiquei hospedada em um hotel onde funciona uma pizzaria e que me lembrou um pouco o “Onhas do Jequi” – bar que eu e Valério tivemos em Belo Horizonte – MG. O que me fez lembrar foram músicas e decoração rústica. A proprietária do hotel/pizzaria, quando iniciou o negócio sequer sabia fazer a massa. E olha que a pizza era bem gostosa! Ela me contou parte de sua história, lutas, alegrias. Enquanto isto, músicas de boa qualidade davam um toque especial àquele lugar tão charmoso, bem cuidado.

Foi uma noite de bom sono. Acordei revigorada e motivada para seguir viagem. 
Próximo destino: a cidade de Picos.

sexta-feira, 4 de setembro de 2015


PARNAÍBA – PI (junho)    (2001) líder de vanguarda http://www.parnaiba.pi.gov.br/


"A coragem que vence o medo tem mais elementos de grandeza que aquela que o não tem. Uma começa interiormente; outra é puramente exterior. A última faz frente ao perigo; a primeira faz frente, antes e tudo, ao próprio temor dentro da sua alma".

Pessoa, Fernando
  
  



Parnaíba é um município brasileiro do estado do Piauí, possuindo uma população de mais de 150 mil habitantes, sendo o segundo mais populoso do estado, perdendo apenas para a capital Teresina. É um dos quatro municípios litorâneos do Piauí. Wikipédia

Destino: Piauí. Uma semana. E lá fui eu, carregando mala, vontade de ensinar e de aprender. Carregando também expectativas novas, para novos grupos e a saudade que se fez presente ainda no arrumar das malas. Meu primeiro treinamento foi em Parnaíba e fui de carro com o motorista da empresa.

Correu tudo bem. Comecei o treinamento um pouco insegura, achando que o grupo não estava gostando. Não sei bem o porquê. Acho que a minha insegurança é que me levava a ter essa percepção. Claro que controlei minha insegurança e não deixei que percebessem. Tem que ser assim, caso contrário as pessoas também se sentem inseguras e você perde a sua credibilidade.

A avaliação foi de muito bom para excelente. Fiquei contente. À noite fui a um concurso de quadrilha. Experimentei a culinária piauiense: Maria Isabel, arroz misturado com pequenos pedaços de carne de sol. Muitas barracas de comidas típicas, roupas bonitas, coloridas, tudo enfeitado, muita luz, música, calor, alegria, cores.

É uma festa muito bonita. Nunca tinha visto igual. Ocorre uma disputa acirrada entre grupos que vão danças a quadrilha. Puxa vida, como eles dançam. É quase 90 minutos, de muita “ginástica”, tem que ter preparo físico, se tem. Fica lotado. Tirei muitas fotos. É uma animação só. Depois fui na casa do Chiquinho (participante do curso), onde encontrei facilitadores do Empretec (curso oferecido pelo Sebrae). Era a comemoração de um aniversário. Quanta comida gostosa: creme de milho, galinha à cabidela, banana verde frita. Aiaiai, não tem como não engordar. Deixa para lá, depois corro atrás do prejuízo. Fico sempre devendo, mas vale a pena.
Foi muito bom conhecer novas pessoas, um pouco mais da cultura do lugar.

Fiquei no domingo, para conhecer o Delta do Parnaíba (O Delta está situado entre os estados brasileiros do Maranhão e do Piauí. O Delta abre-se em cinco braços, envolvendo 73 ilhas fluviais, sua paisagem exuberante, cheia de dunas, mangues e ilhas fluviais, garante o cenário paradisíaco dessa região do Maranhão e Piauí).
Liberei o motorista da empresa já na chegada, pois ele não tinha a obrigação de ficar dia a mais para que eu passeasse. Certíssimo.
Valeu a pena ter ficado. O passeio foi lindo, divertido. Fomos de barco. Funciona assim: paga-se um valor pelo passeio com direito a parada no Delta e degustação de caranguejos. Era uma turma divertida. Eu, como quase sempre, estava sozinha, mas logo me entrosei com as pessoas. O trajeto já valeu a pena: apreciamos a paisagem cercada pelos mangues, a população ribeirinha, e depois quando chegamos onde se formam as lagoas, o barco parou para descermos e aproveitar um pouco o lugar. Muito calor, dunas de areia muito altas.
Que paisagem!
Que cansa, cansa. Sol escaldante, sobe duna, desce duna e cai numa das lagoas refrescantes. Delícia. Dá vontade de ficar por ali mesmo. Mas a vida chama.

Quando voltamos para o barco, tinham mesinhas dentro do rio, com caranguejo para nós (incluso no passeio). Foi muito bom mesmo. Conversamos, rimos. Todo mundo feliz.

Aconteceu um fato muito engraçado: quando subimos no barco, logo na entrada, tinha uma mesa com uma bela porção de camarões fritos. Cada um que subia, comia um, dois, achando que o atendimento era mais do que bom. E então ficamos sabendo que na verdade aqueles camarões eram de uma família que tinha levado para o seu próprio consumo. Que coisa! Ainda bem que só ficamos sabendo depois. No final virou brincadeira, rimos muito, a família comeu o pouco que restou e sugerimos que para o próximo passeio comprassem mais. Quando estamos de bem com nós mesmos, com a vida, tudo fica leve e divertido.

À noite voltei para Teresina de ônibus. A viagem foi muito ruim. Um para-para sem fim e a estrada esburacada, péssima (marca registrada do Piauí, naquela época).

Curiosidade do Piauí: os meses mais quentes são conhecidos como B R OBRÓ, ou meses do BRÕ. São os meses que chove: setembro, outubro, novembro, dezembro.
Quando o tempo fecha para chover, eles dizem: “o tempo está ficando bonito”.
Banho e cama. Amanhã meu destino é Oeiras.