O início
"Buscar e aprender, na realidade, não são mais do que recordar."
Platão
"Buscar e aprender, na realidade, não são mais do que recordar."
Platão
Quando tudo começou? Lembro-me, que ainda muito pequena,
dizia que não queria ser professora. Nem sabia ao certo o que era ser “professora”. Cordisburgo era (é) uma cidade muito pequena.
Pequena cidade do coração (CORDIS – do latim = coração. BURGO – do alemão =
cidade. Chic, não é mesmo?), tinha (tem) poucas oportunidades de estudo,
trabalho diversão e muitas oportunidades para uma vida tranquila, sossegada. O
tempo se arrasta gostosamente. Para quem gosta de cidade pequena é um pedacinho
do paraíso.
Pois bem, só tinha uma opção para o ensino médio: o curso
para formação de professora. Naquela época, quem cursava, era chamada de “normalista”.
Não pensei duas vezes: não quis fazer. Idiota. Fiquei 2 anos sem estudar, quando
então surgiu o curso de Técnico em Contabilidade. Não pensei duas vezes: me
matriculei e formei. E adivinha o que aconteceu após formada? Fui ser
professora nesse curso. Professora de Ensino Religioso e Processamento de Dados
(usávamos máquinas de escrever). Aos poucos, para quem ainda não sabe, vou revelando
minha idade (risos). Que chatice eram essas aulas! E eu era mais chata ainda;
muito brava, cobrava demais dos pobres dos meus alunos.
Mas, as aulas de religião eram um sucesso. Teatro, música,
estudos dirigidos... A turma gostava e eu também!
E, por falar em religião, o primeiro grupo com o qual “trabalhei”
foi da turma de catecismo. Tinha 15 anos. Ainda guardo, cuidadosamente, uma
foto com a turma em frente a pequena e charmosa Igrejinha de Cordisburgo. A
criançada não tinha paciência de me esperar chegar, e iam me buscar em casa. Uma
menina (naquela época era menina mesmo), com uma turma de meninas e meninos, olhos
brilhantes, cheios de alegria e que aprendiam brincando, com prazer.
Um pouco mais tarde criei um grupo de jovens e fizemos coisas
fantásticas encenações na Igreja, caminhadas para refletir e fortalecer a nossa
fé, até cultos religiosos celebramos, pois só havia um padre para a cidade (e
pra quê mais de um?) e para os povoados do município. E era para esses pequenos
locais que íamos celebrar os cultos, com comunhão e tudo que tinha de ter.
Nossa, conseguimos levar Neimar de Barros para cordisburgo,
naquela época muito famoso, autor do livro: Deus Negro. Foi um sucesso. A
Igreja lotou e a palestra proferida por ele foi emocionante.
E foi assim que tudo começou. Lá em Cordisburgo, cidade de
Guimarães Rosa, de Meire Lúcia, dos Souzas, Silvas, Ferreiras, Barbosas, de
toda a gente que dá um toque especial a essa cidade, que parece parou no tempo,
mas que faz a gente ter saudade de um tempo que passou. E eis aí o encanto!
E então saí de Cordisburgo. Queria mais. Precisava de mais.
Mais tarde descobri que existem várias formas de ser “professora”. Tive certeza: nosso destino está escrito nas
estrelas. E cabe a cada um de nós, fazer com que essa estrela brilhe com toda a
intensidade que é capaz, aonde quer que estejamos, em Cordisburgo, Itapecerica,
Belo Horizonte, São José do Rio Preto, São Paulo, na Índia... não importa o
lugar. Importa aonde você quer chegar, o que quer ser. Importa cuidar, cada um
de sua estrela, para que ela brilhe
cada vez mais, e sua luz possa iluminar o caminho a seguir.
Muita luz no dia de hoje para todos nós. E sempre!
Muito bom o texto!
ResponderExcluirArrasou!!! <3
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
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