quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

O início

"Buscar e aprender, na realidade, não são mais do que recordar." 
 Platão


Quando tudo começou? Lembro-me, que ainda muito pequena, dizia que não queria ser professora. Nem sabia ao certo o que era ser “professora”.  Cordisburgo era (é) uma cidade muito pequena. Pequena cidade do coração (CORDIS – do latim = coração. BURGO – do alemão = cidade. Chic, não é mesmo?), tinha (tem) poucas oportunidades de estudo, trabalho diversão e muitas oportunidades para uma vida tranquila, sossegada. O tempo se arrasta gostosamente. Para quem gosta de cidade pequena é um pedacinho do paraíso.
Pois bem, só tinha uma opção para o ensino médio: o curso para formação de professora. Naquela época, quem cursava, era chamada de “normalista”. Não pensei duas vezes: não quis fazer. Idiota. Fiquei 2 anos sem estudar, quando então surgiu o curso de Técnico em Contabilidade. Não pensei duas vezes: me matriculei e formei. E adivinha o que aconteceu após formada? Fui ser professora nesse curso. Professora de Ensino Religioso e Processamento de Dados (usávamos máquinas de escrever). Aos poucos, para quem ainda não sabe, vou revelando minha idade (risos). Que chatice eram essas aulas! E eu era mais chata ainda; muito brava, cobrava demais dos pobres dos meus alunos.
Mas, as aulas de religião eram um sucesso. Teatro, música, estudos dirigidos... A turma gostava e eu também!

E, por falar em religião, o primeiro grupo com o qual “trabalhei” foi da turma de catecismo. Tinha 15 anos. Ainda guardo, cuidadosamente, uma foto com a turma em frente a pequena e charmosa Igrejinha de Cordisburgo. A criançada não tinha paciência de me esperar chegar, e iam me buscar em casa. Uma menina (naquela época era menina mesmo), com uma turma de meninas e meninos, olhos brilhantes, cheios de alegria e que aprendiam brincando, com prazer.  

Um pouco mais tarde criei um grupo de jovens e fizemos coisas fantásticas encenações na Igreja, caminhadas para refletir e fortalecer a nossa fé, até cultos religiosos celebramos, pois só havia um padre para a cidade (e pra quê mais de um?) e para os povoados do município. E era para esses pequenos locais que íamos celebrar os cultos, com comunhão e tudo que tinha de ter.
Nossa, conseguimos levar Neimar de Barros para cordisburgo, naquela época muito famoso, autor do livro: Deus Negro. Foi um sucesso. A Igreja lotou e a palestra proferida por ele foi emocionante.
E foi assim que tudo começou. Lá em Cordisburgo, cidade de Guimarães Rosa, de Meire Lúcia, dos Souzas, Silvas, Ferreiras, Barbosas, de toda a gente que dá um toque especial a essa cidade, que parece parou no tempo, mas que faz a gente ter saudade de um tempo que passou. E eis aí o encanto!

E então saí de Cordisburgo. Queria mais. Precisava de mais.

Mais tarde descobri que existem várias formas de ser “professora”.  Tive certeza: nosso destino está escrito nas estrelas. E cabe a cada um de nós, fazer com que essa estrela brilhe com toda a intensidade que é capaz, aonde quer que estejamos, em Cordisburgo, Itapecerica, Belo Horizonte, São José do Rio Preto, São Paulo, na Índia... não importa o lugar. Importa aonde você quer chegar, o que quer ser. Importa cuidar, cada um de sua  estrela, para que ela brilhe cada vez mais, e sua luz possa iluminar o caminho a seguir.

Muita luz no dia de hoje para todos nós. E sempre!


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